Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Teoria tenta explicar a redução no uso dos automóveis em cidades desenvolvidas

Há debate sobre causas do fenômeno e se ele representa ou não uma mudança permanente

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O declínio do uso de automóveis parece ser uma tendência inconteste nas cidades mais desenvolvidas do mundo, fato corroborado pela chamada Teoria do Pico de Veículos, segundo a qual o uso de automóveis atingiria um pico para então iniciar um movimento de contração à medida que as pessoas passassem a usar modos alternativos de transporte.

O estudo desse fenômeno é baseado na análise de uma série de indicadores que relacionam o uso do automóvel com o comportamento das viagens. Os principais aspectos que embasam as conclusões dessas pesquisas envolvem a queda das distâncias percorridas por veículos e o decréscimo da emissão de licenças para dirigir nos grupos de jovens adultos. Essa tendência foi observada em diferentes países, indicando que pode ser um comportamento universal.

Outros aspectos que podem estar relacionados com esse fato são inovações tecnológicas, reservas finitas de combustíveis fósseis e políticas de proteção ao meio ambiente estabelecidas nacionalmente ou  mundialmente.

A lista de possíveis fatores relacionados continua: compras on-line, trabalho em casa (home office), reestruturação dos modelos de uso e ocupação do solo urbano e interesse dos consumidores por gadgets tecnológicos.

Tem havido muito debate sobre as causas deste fenômeno e até que ponto ele representa uma ruptura permanente, ou meramente temporária, com as tendências históricas. Alguns autores argumentam que modelos econômicos simples, baseados apenas em mudanças na renda e nos preços dos combustíveis, são capazes de prever o patamar e a diminuição das viagens de carro com uma precisão bastante adequada. Outros consideram esses fatores econômicos insuficientes e se concentram em mudanças demográficas, padrões espaciais urbanos, normas sociais e outras variáveis.

Assim, ainda que exista uma quantidade crescente de pesquisas sobre a Teoria do Pico de Veículos, não há consenso sobre as causas desse fenômeno.

A China era bem conhecida como o "reino da bicicleta" nos anos 1980. Em Pequim, a divisão modal de viagens diárias de bicicleta chegou a 63% em 1986. No entanto, como resultado do crescimento econômico chinês, a cultura da bicicleta começou a declinar no final do século 20, e o percentual de viagens realizadas com automóvel saltou de escassos 5%, em 1986, para 34% em 2010.

Contudo, o término da expansão das linhas de metrô, associado a um modelo adensado de desenvolvimento –resultado dos crescentes níveis de urbanização e da criação no país de um sistema com 250 milhões de bicicletas públicas compartilhadas– reverteu essa tendência.

Pesquisadores das universidades de Sussex e Oxford, na Inglaterra, estudaram esse fenômeno no Reino Unido e concluíram que as mudanças na renda, o custo de combustível e os modelos de urbanização explicam amplamente as tendências de viagens com o fenômeno do pico de veículos sendo impulsionado por uma combinação entre o aumento do custo dos combustíveis e dos níveis de urbanização com as dificuldades econômicas criadas pelas recessões.

Por outro lado, os resultados também são consistentes com a afirmação de que a recuperação econômica e os baixos preços dos combustíveis poderiam estimular um novo crescimento do tráfego de automóveis.

De qualquer maneira, o conhecimento do fenômeno do pico de veículos ainda é relativamente incipiente, e a inclusão de mais dados no aprofundamento desses estudos deve aumentar o nível de confiança nos resultados e permitir um planejamento mais eficiente das ações públicas com relação aos investimentos e rearranjos na infraestrutura de mobilidade urbana.

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