Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Perspectivas de um novo formato de edifícios comerciais

Prédios devem ser cada vez mais multipropósito, atendendo não apenas a quem trabalha ali

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Em resposta às profundas mudanças tecnológicas, as novas profissões e formas de trabalhar trazem com elas novos paradigmas para os espaços de escritórios. Existem diversas visões acerca daquilo que nos espera quanto à relação capital/trabalho, e não há consenso sobre o futuro dos edifícios comerciais.

No passado, um dos principais objetivos na concepção dos projetos de locais de trabalho era privilegiar o aumento da produtividade. Agora, no entanto, produtividade não é mais o aspecto principal. Inovação e satisfação dos colaboradores passaram a ser os referenciais mais relevantes.

É preciso ter em mente que, hoje, as pessoas necessitam, cada vez mais, de espaços diferentes para trabalhar, que dependem do momento e da tarefa que será desempenhada. Portanto, um dia pode ser necessário um espaço privado; no dia seguinte, um local onde se possa interagir com dois ou três colegas. Em outra ocasião, pode-se precisar de uma sala de reuniões para realizar uma conferência virtual. Dessa forma, o elemento principal que os futuros escritórios devem ofertar é alternativa de escolha.

Entramos em uma era de coleta e de processamento de dados em larga escala, que não pode ser ignorada na concepção do futuro formato dos edifícios comerciais. Portanto, os edifícios devem ter equipamentos adequados para processar dados dos diferentes usuários, com o objetivo central de otimizar as operações. Com isso, a forma de utilização dos espaços estará vinculada ao controle dos sistemas de gerenciamento predial, que aproveitarão esses dados para potencializar o uso dos espaços em função do emprego, das necessidades e características dos usuários e da edificação.

Entretanto, as leis de privacidade de dados em estruturação em vários países poderão restringir em maior ou menor grau a possibilidade da interação dos sistemas prediais com seus usuários, dependendo da limitação de intrusão prevista nas diversas legislações de uso de dados dos usuários dos edifícios.

Parece existir uma tendência de os edifícios comerciais serem cada vez mais multipropósito, atendendo a toda uma comunidade e não apenas às pessoas que desempenham alguma atividade profissional em suas unidades. Dessa forma, os prédios comerciais poderão ter, por exemplo, uma escola na cobertura, clubes e apartamentos residenciais nos demais andares, com ampla estrutura de serviços e varejo.

Interessante pontuar que, segundo William Lee, professor da Universidade de Harvard, existe a tendência de hoje, no Vale do Silício, nos EUA, as empresas preferirem que suas equipes trabalhem nos escritórios em vez de trabalharem em casa. Essa mudança de comportamento surge com o propósito de encorajar interação, colaboração e inovação. Isso muda uma tendência que parecia se consolidar, e deve influenciar a conceituação dos espaços de trabalho.

A ideia de networking não é nova, mas deve ganhar um novo formato na medida em que as operadoras de coworking se expandirem globalmente. A associação no espaço físico de um edifício pode ir além de uma reunião de pessoas, transformando os locais em eficientes comunidades de negócios, com necessidade de estruturas de suporte adequadas para que funcionem plenamente.

Se muitas mudanças estão por vir, alterando radicalmente o conceito dos novos edifícios comerciais, o que acontecerá com o estoque de edifícios existente? Evidentemente, haverá desvalorização diretamente proporcional à velocidade das mudanças e inversamente proporcional à capacidade de o edifício se adaptar às novas necessidades sociais, culturais, tecnológicas e econômicas.

É importante estar atento à velocidade com que as coisas acontecem, e ter em mente que, em dois anos, a conceituação de um projeto pode estar ultrapassada. Usar a tecnologia disponível para tornar os edifícios flexíveis e adaptáveis é uma atitude extremamente recomendável.

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