Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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As mudanças na mobilidade urbana da Grande São Paulo

Viagens diárias de metrô e trem cresceram aproximadamente 53% em dez anos

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A cada dez anos, a Companhia do Metropolitano de São Paulo coordena uma pesquisa de origem e destino, com o objetivo de levantar informações sobre as viagens diárias realizadas pelos moradores da região metropolitana de São Paulo. A última pesquisa, cujos dados foram recentemente divulgados, foi realizada em 2017.

Os modos de viagem considerados na pesquisa anterior, de 2007, foram metrô, trem, ônibus, transporte fretado, transporte escolar, táxi, dirigindo automóvel, passageiro de automóvel, motocicleta, bicicleta e a pé. Em 2017, os mesmos modos foram estudados; porém, acrescentaram-se na pesquisa as pessoas que viajam como passageiros de moto; e na categoria táxi, houve uma divisão entre convencional e o que se chamou de não convencional, ou seja, os táxis oriundos de aplicativos.

Primeiramente, há que se ressaltar as principais mudanças estruturais ocorridas no sistema de transportes no período de dez anos. A malha metroviária cresceu 28,4 km. Corredores e faixas exclusivas de ônibus foram implantados com o objetivo de melhorar a fluidez desse modo de transporte, e as bicicletas ganharam espaço com ciclovias e ciclofaixas em vários pontos das cidades, além de bicicletários nas estações de metrô e trens. Metrô e CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) investiram no período R$ 24,8 bilhões.

O número total de viagens diárias na região metropolitana de São Paulo cresceu 10,3%, saltando de 38,1 milhões para 42 milhões. Todavia, resultado inferior ao crescimento da década anterior (1997-2007), que havia sido de 21%. O número de viagens motorizadas teve um crescimento percentual um pouco maior que o do total de viagens (12,4%).

Por outro lado, o índice de mobilidade, definido como sendo o número de viagens realizadas por pessoa/dia, aumentou muito pouco, de 1,95 viagem para 2,02 viagens – indicando que mais pessoas estão se deslocando diariamente pela região metropolitana.

Os deslocamentos para trabalho e educação continuam sendo os principais motivos de locomoção diária, representando, juntos, 79% do total de viagens, praticamente o mesmo número da pesquisa anterior.

Embora representem parcela pequena do total (1,12%), as viagens de táxi deram um salto de 414%, saindo de 90,7 mil para 468,4 mil. Entretanto, quase 80% dessas viagens são efetuadas por veículos demandados por aplicativos.

Na divisão de viagens motorizadas, continuaram predominando, em 2017, as viagens por modo coletivo (54%) sobre individual (46%). Nas viagens não motorizadas, os deslocamentos a pé (31,8% do total) sobrepujaram por larga margem os realizados por bicicleta (0,9% do total). Contudo, nos últimos 18 meses, mudanças consideráveis ocorreram na locação de bicicletas e patinetes e no uso de transporte por aplicativos, que não foram captadas pela pesquisa de 2017. Dessa forma, o quadro, hoje, pode apresentar significativas alterações.

O percentual de deslocamentos por automóveis manteve-se constante em 27% do total, embora tenham sido acrescentados mais 800 mil veículos à frota. Contudo, enquanto as viagens diárias de metrô e trem cresceram aproximadamente 53%, passando de 3 milhões para 4,6 milhões, os deslocamentos por ônibus diminuíram em 8,8%, mostrando uma considerável queda na opção por esse meio de transporte, em que pese a implantação de faixas exclusivas e corredores.

As mudanças captadas pela pesquisa refletem a tendência da utilização do transporte de massa mais eficiente, metrô e trem, associado a modais alternativos, como táxis por aplicativos, bicicletas e patinetes locados. Os novos modelos de transporte concatenados à implantação de modernos conceitos de uso e ocupação do solo determinarão a forma e a necessidade de deslocamentos pela cidade, compondo o futuro sistema de mobilidade em nossa região metropolitana.

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