Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Empresa ligada ao Google quer construir protótipo de bairro futurista no Canadá

Projeto inclui prédios sustentáveis com madeira com peças resistente ao fogo

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Imaginar um bairro no futuro implica repensar, de forma revolucionária, o desenvolvimento urbano, projetando cidades para solucionar os principais problemas enfrentados na atualidade, com ideias excepcionalmente inovadoras e, muitas vezes, aparentemente não factíveis.

Tendo esse objetivo como principal, a Sidewalk Labssubsidiária da empresa Alphabet, ligada ao Google, pretende construir o protótipo de um bairro do futuro em uma antiga área industrial de 50 mil metros quadrados, na região do porto de Toronto, no Canadá, com investimentos em torno de US$ 1 bilhão (R$ 4,24 bilhões).

Uma das características marcantes do projeto é a intenção de construir prédios de madeira modificada, com peças projetadas para serem tão fortes e resistentes ao fogo quanto o concreto e o aço, facilitando as montagens modulares, sem as desvantagens desses materiais com relação ao meio ambiente.

Erguer prédios com 30 andares, totalmente em madeira, parece impossível em função da magnitude das cargas a que uma construção como essa é submetida. Contudo, Evan Reidel, membro da área de inovação em edifícios da Sidewalk Labs, diz que eles estão conduzindo estudos para desenvolver sistemas em madeira, que possam resistir aos esforços aos quais esses edifícios estão submetidos, principalmente os laterais, oriundos do vento.

A comunidade seria ainda beneficiada por uma avançada rede de energia solar, com sistemas de utilização inteligente, para orientar a demanda de energia, e com tarifas em tempo real para reduzir o uso em horários de pico.

Também estaria sendo projetado um sistema de captação e tratamento de águas de chuva, com finalidade de reúso, antes que elas cheguem ao rio Don, evitando sua contaminação.

Como solução para a circulação viária, é proposta uma rede de ruas projetadas para permitir a locomoção segura de pedestres, ciclistas e veículos autônomos, capazes de se acomodar às mudanças de condições de uso ao longo do dia. Mobília urbana e vegetação criariam zonas de amortecimento entre as áreas dedicadas aos diferentes modais de transporte.

Um sistema dinâmico de guias poderá adaptar a largura das ruas aos diferentes usos no curso do dia. Durante a manhã e no final da tarde, o sistema deixaria espaço suficiente para os veículos trafegarem e desembarcarem os passageiros. No restante do dia, a calçada poderia ser ampliada para as pessoas caminharem, sentarem em frente aos cafés, e as crianças brincarem.

As compras feitas digitalmente seriam transportadas por um sistema de tubulações subterrâneas, evitando o tráfego de caminhões na superfície.

Os espaços públicos seriam equipados com calçadas aquecidas, coberturas retráteis e estruturas de bloqueio de vento, para encorajar as pessoas a sair, independentemente da condição climática.

Uma das grandes polêmicas em relação ao projeto de um bairro tecnologicamente avançado, com a utilização de milhares de sensores de controle e captação de grande quantidade de dados e informações, inclusive sobre as pessoas, está na determinação de quem controlará, e com quais níveis de segurança serão tratadas essas informações. Queiramos ou não, a tecnologia está chegando para ficar definitivamente em nossas vidas, e devemos estar atentos para perceber quando, e de que forma, isso nos será útil e se deveremos ter maiores cuidados com o seu uso.

Segundo Ken Greenberg, consultor da Sidewalk Labs, este projeto é uma grande oportunidade para compreender como a tecnologia pode ser usada a favor dos habitantes urbanos. Greenberg afirma, contudo, que o projeto não está, na verdade, colocando a tecnologia em primeiro lugar, mas sim tendo como premissa os princípios do bom urbanismo e utilizando os recursos tecnológicos para resolver problemas que não só Toronto, mas muitas cidades do mundo estão enfrentando.

​O protótipo da Sidewalk Labs tem todas as características para ser o ponto de partida de uma série de transformações nas áreas urbanas em todo o mundo. Que venham os bairros do futuro!

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