As cidades são organismos complexos e dinâmicos, cuja estrutura de funcionamento repousa sobre três dimensões principais: a infraestrutura física; o sistema composto por pessoas e as interações socioculturais; e o espaço cibernético, onde estão os sistemas digitais e o fluxo de informações.
Contudo, cada vez mais fica claro que uma quarta dimensão deve incorporar-se, de maneira definitiva, à estrutura das cidades: a aquisição e gestão de conhecimento.
A cidade inteligente, em sua concepção mais atual, associa o conceito da cidade direcionada pela tecnologia à inserção do cidadão nos processos de criação, e aborda a cidade de uma forma mais ampla. Engloba questões como inclusão, geração de oportunidades econômicas e construção de capital social.
Representa, portanto, a tentativa de associar a tecnologia à participação dos cidadãos, inserindo em seus conceitos os objetivos de governo.
A governança municipal, de forma progressiva, vem se tornando dependente da aquisição e gestão do conhecimento. Além disso, esse papel emergente das cidades como centros de informação e repositórios de conhecimento é particularmente decisivo para a competitividade urbana.
A inteligência das cidades as torna capazes de coletar, armazenar e processar grandes quantidades de dados, que se constituem na matéria-prima para a geração de conhecimento, cuja utilização influencia significativamente a eficácia do funcionamento urbano.
A geração de conhecimento nas cidades está intrinsicamente ligada à compreensão holística da integração dos sistemas de informação e dados disponíveis, e vem se tornando o fator de competência que permite à inteligência da cidade lidar com sua complexidade.
A configuração da Gestão do Conhecimento (GC) na governança urbana implica na digitalização integral do conhecimento gerado a partir de dados e informações, e na incorporação formal do modelo de GC nos processos decisórios.
Além disso, é necessária a estruturação de uma rede organizada de atores que produzem conhecimento, e a constante avalição dos efeitos dessa gestão na cidade e nos cidadãos.
É inconteste a importância desse modelo para a cidade, mas vários são os desafios para sua implantação e operação.
Talvez, o mais importante seja a mudança da forma como pensamos, planejamos e encontramos soluções para as cidades, no sentido de utilizar em toda sua potencialidade as ferramentas que a GC pode nos oferecer.
Outro desafio relevante é a manutenção da tecnologia aplicada sempre atualizada. Da mesma forma, as informações constantes do sistema devem ser periodicamente revistas, atualizadas e incorporadas à base de dados de forma precisa.
Um exemplo prático da GC no funcionamento das cidades pode ser o controle de pandemias. Com a utilização de biossensores, a cidade pode detectar a concentração de vírus em alimentos, redes de água potável, hospitais, estações de trem, ônibus ou outros espaços públicos com grande concentração de pessoas.
Os dados obtidos dessa forma podem gerar conhecimento sobre o comportamento do vírus na ambiência urbana e, por meio da gestão desse conhecimento, podemos monitorar riscos de propagação, e criar algoritmos capazes de prever áreas na cidade onde exista a possibilidade de ressurgência da pandemia.
Seguramente, muitas são as aplicações da GC na vida e na operação das cidades, e a evolução tecnológica e social nos proporcionará a oportunidade de aperfeiçoar esse modelo, tornando-o uma ferramenta indispensável para o planejamento e funcionamento do espaço urbano.
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