Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Descrição de chapéu Mobilidade tecnologia

As vantagens do metaverso em ambientes urbanos

Com ele, distância, geografia, gênero, raça e deficiência não são obstáculos

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O metaverso, considerado o próximo capítulo do mundo digital, pode ser definido como uma rede integrada de mundos virtuais em três dimensões, paralelos ao mundo físico, que conecta usuários interagindo por meio de avatares digitais, em várias plataformas, com diferentes sites acessíveis por meio de um único navegador.

Antes da epidemia da Covid-19, o metaverso era visto apenas como uma experiência de entretenimento. No entanto, após a pandemia, surge a ideia da aplicação prática de seus conceitos.

O metaverso representa um mundo alternativo que, em alguns aspectos, não pode ser adequadamente representado no mundo real e ocorre em três etapas: (I) gêmeos digitais, (II) conteúdos digitais e (III) coexistência de realidade físico-virtual, ou surrealidade.

Gêmeos digitais são modelos e entidades digitais de alta-fidelidade que foram duplicados em ambientes virtuais, com todas suas características físicas e funções. A segunda etapa se concentra na criação do conteúdo do gêmeo digital, após o estabelecimento dessa cópia da realidade física. Na terceira etapa, o metaverso pode evoluir para um mundo virtual autossustentável, que coexiste e interage com o mundo físico, com alto nível de autonomia.

Homem encosta a mão esquerda na mão direita da imagem holográfica de um humanoide
Para especialistas, pensar em gêmeos digitais de humanos pode estar a apenas uma década de distância - Getty Images via BBC

O metaverso constitui-se, portanto, numa ferramenta por meio da qual o planejamento urbano conceitual e a visão real da cidade podem ocorrer simultaneamente, permitindo maiores oportunidades de modelagem e simulação, transformando visões para espaços urbanos em realidades digitais, com todos os benefícios decorrentes.

As cidades podem usar o metaverso de várias maneiras, desde aplicações simples até modelos avançados, com o uso da tecnologia. Cidades na Ásia, como Seul e Xangai, estão se movendo rapidamente para serem as primeiras a capitalizar o metaverso emergente. Elas optaram por desenvolver um plano estratégico e começar a investir no metaverso, acreditando que o mundo virtual trará benefícios como maior compartilhamento de informações, serviços urbanos mais acessíveis, conexões mais fortes entre os membros da comunidade e uma nova economia virtual.

Museu
Centre Pompidou X West Bund Museum Project, em Xangai - Yuyang Liu/The New York Times

O metaverso apresenta novas oportunidades para as pessoas que vivem nessas cidades. Os membros da comunidade poderiam, por exemplo, interagir "face a face" com o pessoal do departamento de licenciamento sobre os planos para determinada construção, em ambiente de realidade virtual, mas no conforto de suas próprias casas ou de seus escritórios.

Seul, na Coreia do Sul, vem trabalhando para usar o metaverso com o objetivo de melhorar os serviços da cidade, aprimorar a administração e integrar plataformas digitais para criar uma cidade verdadeiramente inteligente. Em 2021, a cidade anunciou que investiria US$ 3,3 milhões como parte de um plano diretor de cinco anos para fornecer serviços a seus moradores no metaverso. No "Metaverse 120 Center" de Seul, os moradores se encontrarão com funcionários públicos avatares em um escritório virtual para serviços públicos anteriormente disponíveis apenas pessoalmente, na prefeitura.

Juntamente com a transição dos serviços governamentais para o metaverso, Seul está introduzindo uma zona turística digital, que abrigará virtualmente algumas das maiores atrações turísticas da cidade. Os festivais mais populares de Seul serão realizados no metaverso, começando com a tradicional cerimônia de toque de sino Bosingak, na véspera de Ano Novo.

Prefeito de Seul e sul-coreanos participam da cerimônia de boas-vindas ao Ano Novo no Pavilhão Bosingak, onde fica o famoso sino - Jo Yong-Hak - 1°.jan.11//Pool AFP

O metaverso contribuirá positivamente para a inclusão social, pois permite a interação e a conexão entre os moradores da cidade, sem eventuais obstáculos criados pela distância, geografia, gênero, raça, deficiência e status social. Os usuários podem personalizar seus avatares tendo apenas a imaginação como limite. Esse recurso permitirá que o metaverso crie uma sociedade urbana mais justa e sustentável no mundo virtual.

Embora o metaverso possa ser um roteiro fantástico para os administradores dos governos locais melhorarem a prestação de seus serviços, e se envolverem mais diretamente com seus moradores, o primeiro passo nessa trajetória passa pela compreensão das barreiras existentes no acesso às tecnologias fundamentais e à infraestrutura, necessárias para acessar o metaverso e seus benefícios.

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