Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Laboratórios urbanos vivos desenvolvendo soluções baseadas na natureza

Modelo deve ser gerido por diferentes atores, reunindo setor público, setores econômicos, pesquisadores e cidadãos

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Envolver de maneira objetiva os cidadãos no desenvolvimento das cidades, e tornar as áreas urbanas mais adaptadas às necessidades das pessoas. Essa é a função dos laboratórios urbanos vivos, que são locais de experimentação, sempre em um cenário da vida real, onde eventuais soluções são testadas no ambiente urbano cotidiano, exatamente da forma prevista para sua implementação.

Esse processo deve ser orquestrado e implementado por diferentes atores, reunindo setor público, setores econômicos, instituições de pesquisa e os cidadãos em geral, no âmbito de um modelo de criação conjunta.

Reforma capitaneada pelo designer Marcelo Rosenbaum no Parque Santo Antônio, na zona sul da cidade.  Depois de visitar a comunidade e se assustar com a aparência de abandono, Rosenbaum criou o programa A Gente Transforma (AGT) e, como primeira ação, em 2010, deu literalmente um banho de tinta nas casas e prédios públicos do bairro.  A Suvinil doou as tintas, enquanto um antigo lixão foi transformado em praça a partir de plantas e materiais de construção que seriam descartados ao final do evento de decoração Casa Cor São Paulo.
Reforma capitaneada pelo designer Marcelo Rosenbaum no Parque Santo Antônio, na zona sul de São Paulo. - Divulgação

Esse modelo de criação envolve diferentes fases de desenvolvimento para se chegar à solução final. A primeira fase consiste em uma exploração conjunta para identificar os desafios e as diferentes necessidades na perspectiva de todas as partes interessadas.

A segunda fase é da experimentação, que inclui construir um protótipo da solução proposta, testá-lo nos laboratórios vivos, e melhorá-lo com base no feedback obtido nas etapas anteriores. A terceira e última fase do processo de criação seria a avaliação e a implementação da solução estudada. Nesta fase, a solução é aprovada, e sua versão final pode ser consumada para utilização em outras partes da cidade.

Ao abordar as consequências das mudanças climáticas e da urbanização nas cidades, como poluição do ar, inundações e estresse térmico, é importante pensar no futuro e, ao mesmo tempo, considerar as implicações sociais de eventuais soluções que são introduzidas em nossas cidades. A abordagem de problemas complexos, relacionados ao meio ambiente, podem ser melhor tratados ao aliar laboratórios urbanos vivos e conceitos de soluções baseadas na natureza (SBN).

As SBN podem ser definidas como ações que são inspiradas, apoiadas ou copiadas da natureza. Muitas dessas soluções resultam em múltiplos benefícios para a saúde, a economia, a sociedade e o meio ambiente e, portanto, podem representar soluções mais eficientes e econômicas do que abordagens tradicionais.

Além disso, mais recentemente, tem havido um amplo reconhecimento de que a biodiversidade e os ecossistemas, incluindo cidades, podem fornecer ou mesmo aumentar os serviços ecossistêmicos, que sabemos serem necessários para uma alta qualidade de vida, e a criação de ambientes sustentáveis e resilientes.

Projeto interessante nesse sentido foi executado em Turim, na Itália, e previa a regeneração de antigos distritos industriais por meio de soluções (SBN). Da aquaponia aos telhados verdes, sete SBN foram experimentadas em Turim, com o objetivo de usar sistemas naturais para enfrentar problemas sociais e desafios ambientais de forma eficiente e sustentável.

Dentre as soluções testadas, a mais promissora está relacionada à produção e ao teste de um ‘novo solo’, obtido pela mistura de terra com materiais provenientes de canteiros de obras, que pode ser usado para áreas verdes públicas.

De forma geral, esse projeto também se mostrou interessante para analisar a gestão multissetorial do ambiente utilizado, onde instituições públicas, empresas privadas, instituições de pesquisa, cidadãos e associações colaboraram na fase de co-criação e teste das SBN. A observação permitiu aos pesquisadores descrever a dinâmica das múltiplas partes interessadas, e como elas funcionam.

Essa experiência mostra que as cidades podem garantir participação pública e democrática de uma ampla gama de interesses da sociedade, e os laboratórios urbanos vivos consolidam-se como ferramenta fundamental para atingir objetivos de desenvolvimento urbano, em especial aqueles relacionados com soluções baseadas na natureza.

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