Cristina Serra

Paraense, jornalista e escritora. É autora de "Tragédia em Mariana - A História do Maior Desastre Ambiental do Brasil". Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense.

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Cena deplorável no avião da Azul

Se eu fosse passageira daquele voo, já teria entrado na Justiça contra a empresa por atentado à saúde pública

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O presidente entrou num avião, provocou tumulto, aspergiu perdigotos, açulou opositores. É o que ele sabe fazer de melhor, já que, medíocre e ocioso, não trabalha pelo país. Até aí, nenhuma novidade. Mas não pode passar em branco o papel da companhia Azul nessa cena deplorável.

Não precisa ser especialista em transporte aéreo para entender que ali foram violados regulamentos do setor e medidas de segurança sanitária. Por mais que não queira, a empresa tem, sim, obrigação de vir a público e esclarecer: não sendo Bolsonaro passageiro do voo, quem autorizou sua presença para fazer proselitismo dentro do avião ? Quem e por quê?

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi vaiado e xingado ao entrar em um avião para cumprimentar passageiros em 11 de junho, no aeroporto de Vitória, no Espírito Santo
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi vaiado e xingado ao entrar em um avião para cumprimentar passageiros em 11 de junho, no aeroporto de Vitória, no Espírito Santo - Reprodução

O comportamento da tripulação também deve ser apurado. O piloto estava sem máscara, todo serelepe, posando com o disseminador-geral da República. A Azul deve ter um departamento de “compliance”, código de ética etc. O que dizem os acionistas e dirigentes da empresa sobre o episódio? Concordam com o que aconteceu? Se não concordam, que providências irão tomar? Ou o tal setor de “compliance” é só para enfeitar o organograma? O dono de uma empresa pode ter suas preferências políticas. Mas não pode impô-las a seus clientes e nem agir contra a lei.

A tragédia que vivemos não é obra apenas de Bolsonaro, mas de todos os que lhe dão condições de permanecer no cargo. A economia poderia estar muito melhor não fosse a incúria e a negligência criminosa do presidente contra o povo brasileiro. Empresários não entenderam que apoiá-lo é dar um tiro no pé. Seguem fieis ao projeto do estado mínimo. Estado e país mínimo.

Se eu fosse passageira daquele voo, já teria entrado na Justiça contra a empresa por atentado à saúde pública. Como não estava lá, o que posso fazer é deixar de viajar pela Azul. É meu protesto solitário. Ou talvez, nem tão solitário assim. Como lembrou-me um amigo outro dia, o oceano é formado por infinitas moléculas de água. E o universo inteiro é constituído por partículas subatômicas.

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