Dan Ariely

Professor de economia comportamental e psicologia na Universidade Duke (EUA), autor de “Previsivelmente Irracional”.

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Dan Ariely

Ask Ariely: é normal imaginar um cenário para a morte do próprio marido?

Pessoas pensam com detalhes sobre como eles gostariam que seu cônjuge morresse

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Querido Dan,
Às vezes penso em como seria se meu marido morresse. Isso é normal?
–Sheila

As evidências que coletei em uma pesquisa informal com 40 pessoas sugerem que, depois de alguns anos de casamento, é perfeitamente normal fantasiar sobre a morte do seu esposo ou esposa. De fato, descobri que a grande maioria dos entrevistados pensou com detalhes sobre como eles gostariam que seu cônjuge morresse. Eles refletiram sobre isso em termos da relação entre quanto seu cônjuge iria sofrer e por quanto tempo o sobrevivente deveria lamentar.

Uma morte súbita por acidente de carro, por exemplo, minimizou o sofrimento da vítima, mas parecia exigir um longo período de luto ao sobrevivente. Por outro lado, uma batalha prolongada contra o câncer significou um sofrimento prolongado, mas permitiu que o cônjuge sobrevivente pudesse seguir mais facilmente sua vida. A maioria das pessoas esperava um meio termo: uma doença breve que não envolvesse muito sofrimento para o cônjuge moribundo e que permitisse ao sobrevivente retomar sua vida rapidamente.

Cemitério da Consolação, na região central
É perfeitamente normal fantasiar sobre a morte do seu esposo ou esposa - Rivaldo Gomes - 04.set.2019/Folhapress

Querido Dan,
Eu lidero uma pequena startup com um sistema informal de recursos humanos. Como posso garantir que funcionários reportem com honestidade suas despesas para reembolso? Seria melhor criar políticas detalhadas ou estabelecer princípios gerais a serem seguidos pelas pessoas?
—Jenna

Estabelecer princípios gerais é uma abordagem melhor. Mesmo que você escreva detalhadamente uma política de reembolso será impossível prever todas as possibilidades que possam surgir deixando-a sempre incompleta. Além disso, quando as pessoas recebem regras altamente específicas, é mais fácil para elas levarem ao pé da letra o que se diz nas regras –facilitando as justificativas das suas transgressões– ao invés do motivo pelo qual as normas existem.

A burocracia é inimiga da confiança: toda vez que você faz as pessoas explicarem por que devem ser reembolsadas por uma xícara extra de café, você está deixando claro uma falta de confiança na relação.

Em vez de criar regras detalhadas, tente a abordagem de pedir aos funcionários que gastem o dinheiro da empresa como se fosse deles. Você também pode lembrá-los de que um sistema rígido de despesas dificultaria o reembolso, de modo que, a longo prazo, o comportamento honesto beneficia a empresa e os funcionários.


Querido Dan,
Recentemente, houve muitas notícias sobre os perigos potenciais dos cigarros eletrônicos, e alguns estados chegaram a proibi-los. Mas a obesidade é um problema de saúde pública muito maior, e o governo não está tentando proibir alimentos que engordam. Por que há uma resposta desproporcional aos cigarros eletrônicos?
—Dylan

Uma das principais razões é que os próprios cigarros são amplamente conhecidos por não serem saudáveis ​​e, por isso, estamos preparados para suspeitar de qualquer produto que se assemelhe a eles.

Imagine que, em vez de parecer um cigarro, a nicotina líquida fosse misturada ao café e bebida em uma caneca. As pessoas estariam tão ansiosas para proibi-lo? Acho que não.

Nossas reações geralmente se baseiam mais na emoção do que na lógica e, neste caso, a desconfiança que muitas pessoas sentem em relação ao tabaco e às empresas de tabaco alimenta sua disposição de acreditar que os cigarros eletrônicos são especialmente perigosos.

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