Oito times, quatro jogos. A sobrevivência na Copa está por um fio. Nesta sexta (9) e sábado (10) vamos saber quem serão os semifinalistas. Marrocos tem chances, quem diria. Mas não muitas se o quesito for coquetéis nacionais.

A disputa, de cara, envolve drinques pouco conhecidos dos brasileiros. Argentina e Holanda. Um país que bebe Fernet como água versus a nação do genever. Genever? É mais ou menos o neandertal do gim. Como é difícil de achar, sugiro o Steinhaeger, primo próximo, que costuma regar sessões gastronômicas à base de eisbein.

O representante hermano nas quartas alcoólicas é o fernandito, ou Fernet con coca. O nome entrega a receita, tão simples quanto a de um gim tônica. O resultado, porém, fica a anos-luz das jogadas de Messi.

Já a Holanda entra em campo com o dutch coupe. É um coquetel bem mais elaborado, com sabores exóticos e toques envolventes, driblando a eventual desconfiança. A vitória, aqui, é de goleada.

O próximo jogo põe cara a cara Brasil e Croácia. O país da antiga Iugoslávia, assim como muitos no Leste Europeu, tem na sua tradição biriteira as rakijas, destilados com infusão de ervas, algumas secretas e outras manjadas.

A mais popular joga no estilo da grappa, tendo como base a uva. É a travarica. Alguns a tomam misturada com vodca e cerveja, num coquetel chamado Grandenje. Só indo à terra de Modric para experimentar. Pelo esquema tático, desconfio que não passa do meio de campo.

A verdade é que poucas formações no planeta são páreo para a caipirinha. Que pode ser preparada de várias maneiras, como escreveu com propriedade o colega Marcos Nogueira. Pessoalmente, faço ou peço sempre a de pinga com limão, tabelinha digna de Pelé e Garrincha.

Inglaterra e França é uma partida complicada, no pé e no copo. Se os ingleses têm o uísque e o gim, e alguns dos melhores bares de coquetelaria do mundo, os franceses têm os melhores ingredientes: vinhos, champanhes, conhaques, vermutes, aperitivos, digestivos e Calvados.

Sidecar à parte, porém, os irredutíveis gauleses só contam com um grande drinque, e ainda assim a maternidade não é clara: o French 75, que é feito, veja só, com gim. E champanhe. Para tornar as coisas mais divertidas, o French 75 faz uma ponta em "Casablanca", história ambientada no… Marrocos!

Os bretões contam com o jogo coletivo, um esquadrão que inclui o gimlet, o black and tan, o espresso martini, o vesper, o bramble, o boilermaker, o black velvet (feito com champanhe), o tom collins, o pink gim, o corpse reviver e o scotch on the rocks no gol. Quase todos batem um bolão, mas, tanto pelo sabor, quanto pelo que representa hoje —"Casablanca" fez 80 anos no mês passado— a vitória vai para o soixante quinze, termo franco. Nos pênaltis.

Infelizmente, o campo acabou para a coluna, mas a bola não saiu por inteira. Portugal contra Marrocos? Seria um empate, já que nenhum dos dois têm um coquetel clássico para chamar de seu. Na dúvida, vamos de Porto branco com tônica, garantia de bons golos, como dizem na terrinha.

Conclusão: nesta Copa disputada nos balcões, a final seria entre a caipirinha e o french 75. Três a zero para nosso mix. Gols dos polivalentes açúcar,limão e aguardente.

Dutch Coupe

• 60 ml de genever

• 15 ml de vermute doce

• 10 de Cynar

• um lance de bitter de laranja

• quatro gotas de água de laranjeira

Mexa os ingredientes com gelo e coe para uma taça coupe. O passe final é com um twist de casca de laranja.

Receita da craque holandesa tess Posthumus