Dora Kramer

Jornalista e comentarista de política

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Descrição de chapéu ataque à democracia

Agora é tarde

Se apela ao equilíbrio agora, Bolsonaro poderia ter feito o mesmo a tempo de evitar o 8 de janeiro

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A necessidade pautou a prudência convocada por Jair Bolsonaro (PL) a seus admiradores no domingo (25) na avenida Paulista. Conduziu também o discurso dele, desprovido dos achaques autoritários de quando era protegido por imunidades e poderio presidenciais e ainda estava razoavelmente longe do alcance da Justiça.

Talvez o ex-presidente não tenha se dado conta de que cometeu um ato falho. O apego ocasional à serenidade contém evidência de que estava mesmo mal-intencionado quando silenciou por 40 dias após a derrota para Luiz Inácio da Silva (PT) e depois fugiu para os Estados Unidos no aguardo dos acontecimentos urdidos aqui por seus comparsas de conspirata golpista.

Ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discursa no domingo (25) em ato na avenida Paulista, em São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

Foi atendido pelos milhares de apoiadores que foram ao ato. Por analogia, teria sido atendido se tivesse exortado a massa de manobra enlouquecida nas portas de quartéis —notadamente aquela acampada na frente do QG em Brasília— a voltar para casa, aceitar o resultado das urnas e se preparar para a disputa eleitoral seguinte.

O destrambelho seletivo desnuda as intenções anteriores. Mas não só. Mostra como são escassos os instrumentos de reação em busca de proteção. Na real, resumido a apenas um: a fotografia da multidão que não aliviará em um milímetro as agruras judiciais de Bolsonaro e companhia.

O chamamento à mobilização por anistia aos selvagens de 8 de janeiro (e por extensão a ele que, assim, se inclui na roda dos reclamantes pela ruptura) não tem a menor chance de prosperar. Não terá apoio na sociedade; se tivesse, não passaria pelo Congresso e, se passasse, morreria no Supremo Tribunal Federal.

Além disso, o alimento do bolsonarismo raiz é a agressividade. A exacerbação de ânimos é o seu motor, que perde tração quando chamado à moderação —que precisará ser duradoura se o capitão da tropa não quiser se complicar mais e afugentar políticos que só subiram no trio elétrico porque a promessa era de fogo baixo.

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