Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu Rússia

Veto aos russos continua provocando discórdias nos Jogos de Inverno

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Crédito: Kirill Kudryavtsev/AFP (FILES) This file photo taken on March 16, 2014 shows Russia's delegation attending the Closing Ceremony of the XI Paralympic Olympic games at the Fisht Olympic Stadium near the city of Sochi.Russia's team will be suspended from the Paralympic Winter Games in Pyeongchang, but individual athletes will be allowed to compete under a neutral flag, the International Paralympics Committee in Bonn, western Germany, said Monday on January 29, 2018. / AFP PHOTO / KIRILL KUDRYAVTSEV ORG XMIT: KUD2697
Atletas russos durante a abertura dos Jogos Paraolímpicos de Sochi, em 2014

Os Jogos de Inverno continuam provocando discórdias. Embora as Coreias, do Norte e do Sul, tenham entrado em acordo e discutem apenas detalhes da participação de ambas na Olimpíada de Inverno, agora é a Rússia, cuja participação no evento está vetada por conta dos escândalos de doping, que causa polêmica.

A nova controvérsia surgiu com uma decisão sobre a Rússia em relação à Paraolimpíada de Inverno, também prevista para PyeonChang, na Coreia do Sul, logo depois da Olimpíada na neve, que começa na semana que vem. O IPC (Comitê Paraolímpico Internacional) manteve a proibição da participação da Rússia na Paraolimpíada. Acontece que o veto veio com a abertura para que paraatletas russos possam competir sob bandeira neutra, como na Olimpíada de Inverno, desde que aprovados por uma comissão e que não tenham qualquer registro de doping em seus currículos.

A concessão aos russos quebrou a política que vinha sendo adotada pelo comitê, de veto total, como na Paraolimpíada de Verão, no Rio, em 2016. O chefe do Comitê Paraolímpico Alemão, Friedheim Julius Beucher, e o vice, Karl Quade, criticaram fortemente a postura do comitê internacional, segundo reportagem do site "Insidethegames", dizendo que ela é incompreensível. Os dirigentes alemães alegam que a liberação para os atletas russos, mesmo sob rígido controle, afasta o IPC de sua política antidopagem consistente.

Trata-se de posicionamento radical da dupla, que não se importa com a punição de atletas limpos, sem responsabilidades pelos crimes e desvios da cartolagem da Rússia, que contou com respaldo do Estado no acobertamento e uso de doping naquele país.

O escândalo vem se arrastando pelos últimos três anos. Na Olimpíada de Verão do Rio, o COI deixou a liberação ou não dos atletas por conta das federações internacionais de cada esporte. A Rússia, mesmo com desfalques, participou das disputas e ganhou 56 medalhas, 19 delas de ouro. Dias depois, na Paraolimpíada de Verão, o posicionamento da cartolagem foi diferente, mais rígida.

Em PyeongChang, os comitês internacionais –o Olímpico, dirigido pelo alemão Thomas Bach, e o Paraolímpico, comandado pelo brasileiro Andrew Parsons– adotaram pesos equivalentes. Parsons, em resposta às críticas, disse que o comitê paraolímpico é uma organização democrática e qualquer um pode expressar sua opinião. Lembrou ainda que não se está levantando a suspensão: não haverá bandeira, uniforme ou emblema russo.

Enquanto o debate esquenta no setor paraolímpico, o COI registrou 169 atletas da Rússia para a Olimpíada de Inverno. Apesar da ausência na lista de algumas estrelas e do impacto psicológico de atuar como representação neutra, a delegação russa desponta com chances de pódios na competição. Foi quarta colocada em Turim-2006, 11ª em Vancouver-2010 e ficou em quarto como anfitriã em Sochi-2014, depois de encerrar o evento na liderança e ter sofrido rebaixamento por cassação posterior de medalhas, quando foram descobertas as irregularidades de doping.

Confusão nunca falta em eventos com a Rússia. Durante as disputas em Sochi, o país sofreu muitas críticas pelas leis que o governo havia promulgado pouco antes, apontadas como discriminação aos homossexuais. Na abertura daqueles Jogos de Inverno, a tenista Maria Sharapova foi uma das atletas que carregaram a tocha olímpica. Tempos depois, ela foi flagrada pelo uso de doping e foi suspensa. Voltou a atuar no ano passado.

Para a Rússia, que vai continuar afastada dos grandes eventos olímpicos enquanto o seu laboratório antidoping não voltar a ser reconhecido pela Wada, a agência internacional do setor, as medidas adotadas nos dois Jogos de Inverno na Coreia do Sul soam como uma vitória. Minúscula, é verdade, mas um respiro para o país afogado num mar de lama nos esportes.

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