Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Edgard Alves

Manter protagonismo no esporte olímpico do Brasil é desafio para o vôlei

Um sinal de alerta foi acionado recentemente para as seleções brasileiras nas Ligas das Nações

Esporte em que desponta como uma das principais forças do mundo, o vôlei do Brasil é candidato ao protagonismo nos esportes coletivos do país neste segundo semestre. As seleções nacionais treinam intensamente para as disputas dos Mundiais em setembro, o masculino na Bulgária e na Itália, e, o feminino, no Japão. 

São desafios importantes e que servirão de referências para uma avaliação das possibilidades brasileiras na modalidade daqui a dois anos na Olimpíada de Tóquio. Nenhum dos Mundiais garantirá vagas nos Jogos no Japão, que terá torneios classificatórios a partir de 2019. É a oportunidade, no entanto, para as observações decisivas da arrancada olímpica. 

Brasil ficou em quarto lugar na Liga das Nações masculina neste ano
Brasil ficou em quarto lugar na Liga das Nações masculina neste ano - Divulgação/FIVB

Para o vôlei, as disputas dos Jogos-2020 têm um significado especial, pois, também em Tóquio, em 1964, a modalidade foi introduzida na Olimpíada. No início, o Brasil teve presença discreta, sem brilho, passando a ganhar projeção a partir da conquista da medalha de prata, no masculino, em Los Angeles-1984. 

Seguiu-se a escalada de sucesso, que já alcançou 10 pódios (5 de ouro, 3 de prata e 2 de bronze) nos torneios masculinos e femininos. Esses números são superados apenas por conquistas da então União Soviética, com 12 medalhas (7 de ouro). Portanto, hoje, entre os países ativos nos Jogos, o Brasil é o líder. 

Acrescente-se a esse cenário o vôlei de praia, que cravou sua estreia olímpica oficial em Atlanta-1996, após participação como esporte de exibição em Barcelona, quatro anos antes. Nessa disciplina, o Brasil também está na vanguarda, com 13 medalhas (3 de ouro, 7 de prata e 3 de bronze), dividindo a liderança com os Estados Unidos, com 10 (6 de ouro). Os rivais da dupla estão distantes. 

Na Olimpíada do Rio-2016, a seleção masculina arrebatou a medalha de ouro em decisão emocionante contra a Itália. A seleção feminina não chegou ao pódio. Caiu nas quartas de final diante da China, que viria a se sagrar campeã diante da Sérvia. Foi o terceiro ouro das chinesas na história dos Jogos.

Um sinal de alerta foi acionado recentemente para as seleções brasileiras quando ambas terminaram em quarto lugar nas disputas das Ligas das Nações, que contaram com 16 times em cada gênero. A feminina, com finais na China, foi vencida pelos EUA, com a Turquia como vice; a masculina decidiu o título na França, com vitória da Rússia na final contra a França.

A Liga das Nações substituiu o Grand Prix, no feminino, e a Liga Mundial, no masculino, competições nas quais o Brasil sempre fez boa figura, respectivamente, com 19 medalhas (12 de ouro, 5 de prata e 2 de bronze) e 20 medalhas (9 de ouro, 7 de prata e 4 de bronze).

As seleções disputam jogos amistosos, três cada, em cidades brasileiras nos preparativos para os Mundiais. O time masculino, dirigido por Renan Dal Zotto, vai enfrentar a Holanda. No Mundial, a partir de 9 de setembro, o Brasil terá pela frente na primeira fase: Egito, Bulgária França, Holanda, Canadá e China. Renan está otimista, pois o período longo de treinamento e a recuperação de jogadores que estavam tratando de contusões ajudam na evolução em relação ao condicionamento atingido antes da Liga.

O teste da equipe feminina será contra a dos Estados Unidos. Depois o time vai participar do Torneio de Montreux, na Suíça, de 4 a 9 de setembro. Rússia, Coreia do Sul, Tailândia, Azerbaijão e Trinidad e Tobago serão as rivais no grupo da etapa inicial do Mundial, de 24 seleções, que começa 20 dias depois. Quatro de cada grupo seguirão nas disputas.

Cortes de verbas públicas e privadas de incentivos aos esportes em geral no Brasil, depois dos Jogos Olímpicos do Rio, passaram a acarretar maior grau de dificuldades na preparação das seleções. O vôlei, que sempre desfrutou de patrocínios generosos, também acabou afetado pela crise que assola a economia nacional.

Apesar disso, aproveitando a experiência e a estrutura criada nas últimas décadas, o padrão dos preparativos das seleções está mantido. Por enquanto, é possível ao torcedor do vôlei continuar sonhando com vitórias. A dúvida está no horizonte: até quando?

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