Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu Tóquio 2020

Temores sobre Olimpíada e Covid-19 agitam pesquisas no Japão

Enquete do jornal Asahi Shimbun apontou que mais de 80% dos japoneses são contrários aos Jogos

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A cada sol nascente, a abertura da Olimpíada de Tóquio está mais perto e aumentam as dificuldades com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no Japão. O COI (Comitê Olímpico Internacional) e os organizadores japoneses garantem os Jogos, mesmo com a maioria da população do país discordando.

Faltando apenas dez semanas para o início da competição, pesquisa realizada pelo jornal Asahi Shimbun no fim de semana e publicada na segunda-feira (17), apontou que mais de 80% dos japoneses são contrários ao início do evento a partir do próximo 23 de julho, após adiamento em 2020 por causa da pandemia.

Os números estão claros com 43% dos entrevistados cravando o cancelamento dos Jogos e 40% defendendo um novo adiamento. Outra pesquisa, publicada no domingo (16) pela agência Kyodo, sem apresentar a possibilidade de adiamento, apontou 59,7% de opiniões favoráveis ao cancelamento.

Manifestante protesta na capital japonesa com cartaz que diz "Cancelem a Olimpíada de Tóquio"
Manifestante protesta na capital japonesa com cartaz que diz "Cancelem a Olimpíada de Tóquio" - Naoki Ogura/Reuters

O Japão, que tem 126 milhões de habitantes, registra apenas 2% de vacinados e cerca de 12 mil mortes por Covid-19 desde o início da pandemia. O pessimismo da população parece estar relacionado ao lento andamento da campanha de vacinação e ao temor da expansão das contaminações pelas variantes do vírus por delegações participantes dos Jogos.

O cenário traumático provocado pela pandemia impede uma avaliação mais precisa. Daqui, do outro lado do planeta, os números da doença e os relatórios das pesquisas científicas ajudam os especialistas nas análises, mas não dão a extensão certeira da crise.

Acontece que o nível de organização de cada país interfere muito nos resultados. Os recursos disponíveis também geram diferentes padrões no combate aos problemas. Essa situação embaça qualquer análise, abrindo espaço para um jogo de interesses.

O COI, que ganha verdadeiras fortunas com o evento e está comprometido com os patrocinadores, idem em menor escala a mídia em geral –especialmente a televisiva–, e os organizadores, que gastaram muito nos preparativos dos Jogos, neste momento cuidam das oportunidades de lucros. O embate é um vale-tudo, sendo que grande parte das negociações já foram concluídas tempos atrás.

Como a pandemia tomou conta de todos os cantos do planeta, os organizadores –japoneses e o COI– precisam garantir a qualquer custo que a segurança dos Jogos está mantida e a crise, sob controle. Entretanto, manifestações de setores de relevo da população indicam o oposto ou ao menos mostram insegurança.

Com a pandemia ceifando vidas no Japão e no mundo, médicos japoneses encaminharam documento ao governo local afirmando ser impossível realizar Jogos com total segurança. Eles advertem para a falta de recursos e para a exaustão dos profissionais da saúde, que trabalham intensamente desde o início da pandemia.

O país enfrenta a quarta onda de infecções pelo coronavírus e diversas regiões do seu território se encontram em estado de emergência.

Neste momento de contradições, quando especialistas alertam também que hospitais não poderão receber pacientes olímpicos com Covid-19, por causa da lotação, médicos se inscreveram para trabalhar na Olimpíada e na Paraolimpíada. Para 200 vagas, houve 395 interessados. Eles devem ter uma licença médica há mais de quatro anos e frequentar um curso da Associação Desportiva Japonesa.

Em contrapartida, uma petição online lançada pelo advogado Kenji Utsunomiya, no dia 5 deste mês, pedindo o cancelamento da Olimpíada tinha alcançado na semana passada cerca de 350 mil adesões. O documento, dirigido ao governo japonês e também enviado ao COI e ao CPI (Comitê Paraolímpico Internacional), destaca que a prioridade deve ser proteger as vidas das pessoas contra o coronavírus.

Nenhuma manifestação contrária aos Jogos, no entanto, parece comover a organização da competição, que se mantém irredutível no seu posicionamento, sem debates abertos. O COB (Comitê Olímpico do Brasil), por sua vez, trabalha nos preparativos da sua delegação, seguindo as orientações do COI.

A entidade nacional está atenta para a vacinação dos brasileiros inscritos na Olimpíada (atletas, dirigentes, equipes de apoio e jornalistas). Todos incentivados por doses providenciadas oportunamente pelo COI, e não atreladas ao cronograma de prioridades da vacinação da população em geral.

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