As montadoras de grande volume começam a apresentar novas plataformas dedicadas exclusivamente à produção de novos carros movidos a eletricidade. Trata-se, grosso modo, da base sobre a qual um automóvel é construído.
É o passo mais importante para reduzir custos de produção e massificar esse tipo de veículo, que ainda desperta muitas dúvidas sobre a viabilidade no curto prazo.
Nesta semana, a sul-coreana Hyundai apresentou a plataforma E-GMP. De acordo com a fabricante, os carros montados sobre essa base terão autonomia superior a 500 quilômetros e poderão ter 80% de sua carga recuperada em 18 minutos. Isso exigirá um carregador de maior capacidade, a exemplo dos disponíveis em rodovias europeias.
A E-GMP dará origem a 23 automóveis diferentes, entre modelos compactos e esportivos capazes de chegar aos 100 km/h em menos de quatro segundos. Além da Hyundai, haverá modelos das marcas Kia e Genesis, que compõem o grupo empresarial.
Em julho, o grupo PSA Peugeot Citroën anunciou a plataforma e-CMP, também dedicada aos carros elétricos. O primeiro modelo construído será a futura geração do SUV 3008, com apresentação prevista para 2023.
A onda atual de eletrificação em larga escala teve início no fim de 2019, quando a Volkswagen apresentou sua base voltada para os veículos recarregados na tomada. O primeiro automóvel dessa nova geração é o ID3, um hatch com porte similar ao do Golf.
A montadora alemã espera vender 1 milhão de carros movidos a eletricidade até 2025, mesmo cálculo feito pelo grupo Hyundai. As estimativas estão sendo mantidas apesar das mudanças de rumo impostas pela pandemia do novo coronavírus.
Vender muito é uma necessidade para bancar os altos custos envolvidos. Segundo cálculo feito pela VDA (associação alemã das montadoras), as fabricantes e seus fornecedores estão investindo o equivalente a R$ 250 bilhões entre 2020 e 2022 para eletrificar seus carros.
Há também os gastos com a expansão das redes de recarga, que ainda precisa evoluir muito para dar conta do volume projetado pelas montadoras para os próximos cinco anos. O medo de ficar sem energia é um dos pontos que geram a desconfiança dos consumidores mundo afora.
Para atingir as vendas sonhadas, será necessário oferecer carros que custem menos. A Tesla, por exemplo, não lida com volumes gigantescos de produção, mas seus veículos competem em preço com as marcas premium.
No universo das marcas generalistas como Hyundai, Peugeot, Citroën e Volkswagen, é fundamental reduzir custos de produção para adequar o preço ao público sem sacrificar a rentabilidade. Esse é o papel principal das novas plataformas dedicadas aos carros elétricos.
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