Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Elio Gaspari
Descrição de chapéu Donald Trump

Surgiu um Kennedy no ​Trumpistão

Joseph 3º fez discurso de 13 minutos e se tornou a nova estrela dos democratas

O Partido Democrata designou o deputado Joseph Kennedy 3º para discursar na contradita à fala de Donald Trump na sessão de reabertura do Congresso americano. Ele falou durante 13 minutos e quando terminou o Partido Democrata tinha uma nova estrela.

Com algum exagero, a cena foi comparada ao discurso de um senador pouco conhecido na convenção democrata de 2004. Chamava-se Barack Obama e tinha 43 anos. Quatro anos depois ele foi eleito presidente dos Estados Unidos.

Joseph Kennedy 3º tem 37 anos, está no segundo mandato de deputado e é neto de Robert Kennedy, o senador assassinado em 1968, aos 43 anos, quando estava na bica para ser eleito presidente. Cinco anos antes seu irmão John morrera em Dallas. (O mais velho da prole, Joseph, explodiu com seu avião durante a Segunda Guerra.)

O breve discurso de Kennedy colocou-o na lista de notáveis do partido. Respondeu ao septuagenário DonaldTrump com uma peça de perfeita oratória. Unificadora num país dividido, benevolente numa sociedade crispada, ele apontou para o futuro numa época de intransigências vindas do passado. Condenou o muro que Trump quer construir na fronteira com o México, com um toque da maestria retórica de Ronald Reagan em Berlim: "Minha geração vai derrubá-lo". Surpreendeu dirigindo-se aos imigrantes em espanhol: "Vamos a luchar por ustedes". (Ele passou dois anos na República Dominicana fazendo trabalho voluntário.)

Foi um discurso de candidato a muito mais. Pela primeira vez um Kennedy vai para a cabeceira da pista com chances de decolar. Seu pai foi um deputado medíocre, alguns de seus primos meteram-se em escândalos. Com um currículo de primeira (diplomado pelas universidades de Stanford e Harvard), Joseph é abstêmio, casou-se com uma colega de faculdade e tem uma cabeleira normal, que lembra um pouco a do avô. Nada a ver com a marquise laqueada de Trump.

Astúcia cruel

O TRF-4 elevou a pena de Lula para 12 anos e um mês. Esse mês adicional pode ter parecido uma crueldade irrelevante numa sentença para um homem de 72 anos.

Irrelevante não foi. Se Lula tivesse sido condenado a apenas 12 anos, seus advogados poderiam sustentar que seu crime estaria prescrito em 2017, oito anos depois do fato. Quando os desembargadores apensaram mais um mês, mudaram Lula de patamar, e a prescrição só poderia ser arguida em 2019.

Gaveta

Terminadas as férias do Judiciário, a Procuradoria-Geral da República deverá devolver ao Supremo Tribunal Federal o processo em que Rodrigo Janot pediu que o ministro Gilmar Mendes fosse impedido de julgar casos envolvendo o empresário Jacob Barata Filho.

O processo foi pedido para vista pela procuradora Raquel Dodge no final de setembro e enviado para exame por cinco dias.

Golpe em Caracas

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, acha que uma das soluções para a crise venezuelana seria um golpe militar.

Ele e todos os defensores de soluções militares para a América Latina esquecem-se que o coronel Hugo Chávez celebrizou-se em 1992 liderando um golpe militar fracassado.

Segundo o doutor, "na história da Venezuela e dos países sul-americanos, às vezes, o Exército é o agente da mudança quando as coisas estão tão ruins e a liderança não mais serve ao povo".

O penúltimo militar golpista a governar a Venezuela foi o general PérezJiménez. Larápio, foi deposto em 1958, fugiu para os Estados Unidos e lá viveu até 1963, quando foi devolvido aos venezuelanos. E passou cinco anos na na cadeia.

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