Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Livro conta a ascensão e a queda do jornal do Dr. Brito

Aquele velho JB foi-se embora para nunca mais

Está nas livrarias “Até a Última Página - Uma História do Jornal do Brasil”, de Cezar Motta. Como o hotel Glória e o palácio Monroe, aquele JB foi-se embora para nunca mais, levando consigo um tempo em que o Rio era poderoso, perdulário e alegre.

Motta conta histórias de talentosos personagens. Comandando a glória e a ruína da empresa, que culminou com seu arrendamento, em 2001, dois anos antes de sua morte, esteve a figura de Manoel Francisco do Nascimento Brito. Ele era o genro da dona do jornal e o tempo ligou-o mais à crônica da ruína do que à construção da glória, o que é uma injustiça.

Um episódio narrado no livro mostra um surpreendente “Doutor Brito”, como ele se fazia chamar e como se referia a si próprio.

Em 1976, o repórter Marcos Sá Corrêa foi à biblioteca do presidente Lyndon Johnson, no Texas, atrás de uma pista que apontava para a participação americana na deposição do presidente João Goulart. Estupefato, viu-se diante de centenas de documentos, e um porta-aviões a caminho do Brasil. Era a “Operação Brother Sam”.

Corrêa voltou com uma mala de papéis, e o editor do jornal, Walter Fontoura, levou-o a Brito para contar o que achara. Ele ouviu e limitou-se a perguntar:

― Você roubou esse material?
― Não.
― Então pode publicar.

Os documentos saíram em três edições sucessivas do jornal. Nascimento Brito não quis ler uma só linha da tempestade que provocaram.

 

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