O escalafobético telefonema do presidente americano Donald Trump ao seu colega ucraniano provocou a abertura de um processo de impeachment, mas a leviandade das transações em que a Casa Branca estava metida já havia sido formalmente denunciada em duas ocasiões. Nos dois casos, o serviço público civil e militar americano deu lições de conduta.
No primeiro, a iniciativa foi de John Bolton, aquele embaixador de bigodão branco, conservador xiita, verdadeiro Cão da Terceira Hora. Ele era o conselheiro de Trump para assuntos de segurança nacional e no dia 10 de julho, duas semanas antes do fatídico telefonema, percebeu que se cozinhava uma maracutaia com os ucranianos. Pediu a uma assessora que narrasse ao advogado da Casa Branca o que ouvira numa reunião.
O tenente-coronel Alexander Vindman, que cuidava de assuntos ucranianos no Conselho de Segurança Nacional, também considerou impróprias as conversas com os ucranianos e contou-as ao advogado do Conselho de Segurança Nacional.
Bolton é um republicano de quatro costados e Vindman é um oficial do Exército condecorado por ferimentos sofridos no Iraque. Ambos são servidores públicos, mas servem ao Estado. Vindman já depôs na Câmara e Bolton já foi convocado. Tomara que fale.
Semanas depois do telefonema de Trump, um terceiro servidor, da Central Intelligence Agency (CIA), denunciou todo o esquema. Tudo dentro das normas da disciplina e da cadeia de comando.
Boitatá existe
O ministro Abraham Weintraub não acredita na existência da Boitatá, a serpente de fogo que ataca os inimigos da floresta.
Na Califórnia, por pouco o fogo da mata não chegou ao Museu de Ronald Reagan, o primeiro presidente americano (1981-1989) a desafiar os ambientalistas. Lá repousam seus restos mortais, o avião presidencial que usava, e sua mulher Nancy.
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