Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Descrição de chapéu Eleições 2022

Flávio Bolsonaro disse quase tudo

Senador e filho do presidente pisou no freio

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Na sua entrevista à repórter Jussara Soares o senador Flávio Bolsonaro disse quase tudo: "Para mim, quem soltou o Lula foi o Moro. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, ele fez coisas que estavam fora da lei. Era só ter cumprido a lei que Lula estava preso até hoje".

Quase tudo, porque não há como garantir que cumprindo-se a lei, Lula estaria preso. Quase tudo, porque também faltou lembrar o famoso tuíte do general Eduardo Villas Bôas.

Mesmo assim, é certo que ao divulgar às vésperas do primeiro turno a colaboração do ex-ministro Antonio Palocci, Moro levou água para o moinho de Bolsonaro. Fortaleceu-o aceitando a costura de Paulo Guedes ocorrida (sem divulgação) pouco antes do segundo turno.

Flávio Bolsonaro, de terno cinza, gravata azul e camisa branca, dá gargalhada
O senador Flávio Bolsonaro, em cerimônia de posse do Ministério do Turismo, em Brasília - Evaristo Sá - 17.dez.2020/AFP

Numa trapaça da sorte, Bolsonaro foi ajudado primeiro pela colaboração premiada de um ex-ministro da Fazenda (divulgada por Moro) e depois pelo futuro ministro da Economia, à época chamado de Posto Ipiranga.

A entrevista do senador pareceu um momento de moderação e, sobretudo, revelou a possibilidade de uma campanha na qual são aceitas as regras do jogo, até mesmo da vacina.

Referindo-se às manifestações dos aliados do presidente que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo, ele disse que, "se fosse chutar o balde, o Brasil afundaria".

Boas palavras, admitindo-se que o tamanho do chute viraria o balde. De qualquer forma, vale a conclusão: o Brasil afundaria.

Prever os próximos lances dos Bolsonaro é coisa temerária, mas fica o registro de que essa entrevista do senador foi pelo menos um momento de moderação.

Ele diz que o governo se comunica mal. Na realidade, Jair Bolsonaro se comunica de forma eficaz para seus admiradores e assim chegou à Presidência da República em 2019.

A conjuntura era outra e nela teve não só a ajuda de Moro, mas também de um outro tipo de negacionismo, vindo de seus adversários. Se há um problema, não está na forma da comunicação, mas no seu conteúdo.

Bolsonaro com o pé no acelerador

A entrevista do senador Flávio (01) Bolsonaro estava nas ruas quando seu pai fez a live semanal e apontou para um novo desentendimento com o Tribunal Superior Eleitoral.

Nas suas palavras:

"Nosso pessoal do Exército, da guerra cibernética, buscou o TSE e começou a levantar possíveis vulnerabilidades. Foram levantadas várias, dezenas de vulnerabilidades. Foi oficiado o TSE para que pudesse responder às Forças Armadas. Passou o prazo e ficou um silêncio. O prazo de 30 dias se esgotou no dia de hoje."

"Isso está nas mãos do ministro Braga Neto [Defesa] para tratar desse assunto. E ele está tratando disso e vai entrar em contato com o presidente do TSE. E as Forças Armadas vão analisar e dar uma resposta."

Além disso, prometeu para "os próximos dias" algo para "nos salvar".

Na véspera, o deputado Eduardo (03) Bolsonaro, havia dito que "a gente vai dar um golpe que vai acabar com o Lula".

Puro palpite

Bolsonaro vai se vacinar. Se o fizer, não tomará a vacina chinesa.

A dificuldade de Doria

O governador João Doria definiu como "jantar dos derrotados" o encontro em que estavam, entre outros tucanos de muita plumagem, Tasso Jereissati, Eduardo Leite e Aécio Neves.

De fato, Doria derrotou-os na prévia do partido, mas seu modesto desempenho nas pesquisas estimulou-os para costurar alianças mais adiante, sobretudo com a senadora Simone Tebet, do MDB.

Menosprezar adversários do mesmo partido sempre é uma política arriscada. A menos que Doria esteja em busca do título de candidato derrotado.

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