Morreu na semana passada, aos 95 anos, Wilson Quintella. Ele presidiu a empreiteira Camargo Corrêa. Seus 40 anos de serviço na empresa confundiram-se com as grandes obras da engenharia nacional, de Brasília a Itaipu.
Aqui vai uma história desse empresário. Ela mostra como a vida pode ser bela.
No início dos anos 60, Quintella ia em seu automóvel, retornando de uma obra ferroviária em Bauru (SP). Na estrada de terra, passou por uma senhora que caminhava com duas crianças. Ofereceu-lhes carona. Na conversa, a menina contou-lhe que o pai, carpinteiro, estava desempregado e tentava um lugar na obra da Camargo Corrêa. O empresário disse-lhe que fosse ao canteiro e se apresentasse, em nome de Wilson Quintella.
A senhora com as crianças desembarcaram e o empresário nunca mais soube do carpinteiro japonês que precisava de trabalho.
Passaram-se uns 20 anos. Wilson Quintella havia sido chamado pelo ministro da Fazenda, Ernane Galvêas, para acompanhá-lo num voo de Nova York e Tóquio, durante o qual conversariam. Tudo bem, mas Quintella estava na Venezuela. Tomou um avião para Nova York e foi para o balcão da Japan Airlines, no aeroporto Kennedy, buscando um lugar no voo de Galvêas.
O avião estava lotado e havia lista de espera. Na fila, Quintella deu um cartão de visitas à atendente da Japan Airlines, para que ela copiasse o nome. Até então, falavam em inglês, mas a atendente passou a falar em português e disse-lhe:
— O senhor vai embarcar, nem que eu tenha que tirar o piloto.
Era a menina da carona na estrada de Bauru.
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