Fernando Canzian

Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

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Fernando Canzian

Nem a cadeia parece resolver psicodrama da esquerda

No centro, DEM, MDB e PSDB podem acabar convergindo por projeto de poder

São Paulo

Juntos, os candidatos dos três maiores partidos de centro/centro-direita que disputam a Presidência (Geraldo Alckmin, PSDB; Rodrigo Maia, DEM; e Henrique Meirelles, MDB) não passam, até aqui, de 10% das intenções de voto, segundo o Datafolha.

 

Isso é quase igual aos 9% que Ciro Gomes (do médio PDT) tem sozinho e bem menos do que os 15% de Marina Silva e os 17% de Jair Bolsonaro, dos pequenos Rede e PSL.

De um jeito ou de outro, DEM e MDB sempre deram um jeito de estar no poder nos governos tucanos e petistas até o impeachment de Dilma em 2016, quando o MDB assumiu de vez.

De um jeito ou de outro, é certo que eles vão tratar de continuar assim.

MDB e DEM devem reservar boa parte do dinheiro dos fundos eleitoral e partidário para eleger grandes bancadas no Congresso. Para, depois, poderem pressionar o novo presidente ou participar de seu governo.

No caso do PSDB, hoje partido “do Alckmin”, haverá grande investimento no presidenciável.

Com seus 8% das intenções de voto hoje, o ex-governador paulista espera, em dois ou três meses, acabar se tornando o candidato de centro para onde DEM e MDB (hoje com 1% cada) possam convergir.

É provável que a união de centro/centro-direita se concretize se Alckmin conseguir crescer. Por questão de sobrevivência e pela tendência do eleitorado de sempre buscar, no final das contas, um discurso mais moderado na hora de votar.

Enquanto Marina corre por fora também nessa faixa, sobram as extremidades.

Se Bolsonaro já achou seu caminho radical lá à direita, a outra ponta ainda precisa encerrar o psicodrama em torno de Lula para encontrar o seu.

Diz o ditado que a esquerda só se une na cadeia. Resta saber o que acontece quando só parte dela está presa.

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