A turbulência das últimas semanas no mercado financeiro faz lembrar de tempos difíceis dos anos 1980/90 e de frases da época pouco abonadoras sobre o Brasil.
“Como fazer uma pequena fortuna na Bolsa brasileira? Basta aplicar uma grande fortuna”. Ou: “Nunca se perde dinheiro apostando contra o Brasil”.
A clássica é o do economista liberal e diplomata Roberto Campos (1917-2001): “O Brasil nunca perde oportunidades de perder oportunidades”.
A última perdida foi enorme e pode ser delimitada em uma década. Entre 2008, quando o país foi alçado internacionalmente à categoria de economia segura (grau de investimento) e 2018, quando o governo Temer, prostrado pela corrupção, abandonou a reforma da Previdência.
Assim, entramos na eleição mais incerta dos últimos 30 anos com as contas públicas arrebentadas e tendo perdido a chance arrumar a casa enquanto ainda era tempo.
Agora, enquanto EUA e boa parte da Europa voltam a crescer e desmontam a injeção de dinheiro a juros baixos no mundo, países emergentes como o Brasil sofrem com a saída de investidores, que vão procurar rendimentos em alta em mercados mais seguros.
Nos últimos dez dias, reforçando uma tendência, cerca de US$ 5,5 bilhões deixaram os mercados emergentes, US$ 4,2 bilhões saindo só das Bolsas, segundo relatório do IIF (Institute of International Finance).
Já há perdas importantes para investidores na Bolsa e pessoas comuns com algum tipo de aplicação no banco. O dólar também segue em alta, pressionando as expectativas de inflação futura, pois importados devem ficar mais caros.
A depender do cenário eleitoral, a intensidade da turbulência recente pode ser fichinha.
É mais uma oportunidade perdida. Pois, a menos de quatro meses da eleição, o nível de explicações dos candidatos sobre como reverter a insolvência das contas públicas só agrava a intranquilidade.
Por enquanto, a grande preocupação é só com alianças, sobre quem poderá nos governar com quem no pós eleição.
Parafraseando o professor Mario Henrique Simonsen (1935-1997), parece que os pobres ficarão ainda mais pobres depois de escolher aqueles supostamente nomeados para enriquecê-los.
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