No início do ano, esperava-se que a essa altura um candidato à Presidência de centro fosse competitivo e estivesse embolado com nomes da esquerda e da direita, hoje representados por Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL).
O mercado financeiro estava otimista, baseado na esperança de vitória de alguém capaz de unir os grandes partidos e tocar reformas duras como a da Previdência.
Por enquanto, a aposta não vingou.
Agora já há consultoria estimando variações na Bolsa entre queda de 40% e alta de 60%, dependendo do resultado da eleição, e dólar de volta aos R$ 3,20 ou a R$ 4,40. Nos piores cenários, Ciro ou Bolsonaro venceriam.
É pura especulação. Pois podemos pensar também que Ciro e Bolsonaro talvez só aparecem na frente porque estão em campanha há dois anos. Ou que, se eleitos, também tocarão as reformas necessárias, seja por convicção ou completa falta de opção.
E que, embora estejamos a quatro meses da eleição, o fato é que a campanha mal começou.
Sozinhos, Ciro e Bolsonaro terão pouca estrutura partidária e fundos, tempo mínimo na TV, pequena capilaridade nos mais de 5.500 municípios e poucas coligações nos 27 estados, elementos que normalmente pesam muito.
É significativo também que cerca da metade (46%) dos eleitores ainda digam espontaneamente não ter encontrado um candidato, segundo o Datafolha. Somados aos que pretendem anular ou votar em branco, dois terços do eleitorado (67%) ainda estão longe de qualquer decisão.
O que sabemos: 68% dos eleitores vivem em famílias que passam o mês com menos de R$ 2.900 e foram, nos últimos anos, do céu ao inferno.
Depois de experimentar o “boom” de crescimento nos governos Lula, marcados pelas contas públicas em ordem, agora vivem os efeitos da pior das recessões, engendrada pelas intervenções econômicas e irresponsabilidade fiscal de Dilma.
Sabemos também que a economia rateia, os empresários têm medo e o mercado dá chiliques porque a deterioração das contas públicas e o endividamento federal tornaram-se insustentáveis.
Que a dívida bruta federal saltou 20 pontos em quatro anos, para 76% como proporção do PIB, e que queimaremos de vez no inferno se não reformarmos a Previdência e enxugarmos o Estado.
Disso sabemos. É nesse contexto que o país entra daqui a alguns dias na… Copa do Mundo.
Campanha, discurso para valer dos candidatos e eleições mesmo, só mais adiante.
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