A eleição de 2018 marcará um ciclo de oito pleitos no Brasil pós-redemocratização. Em cinco deles, incluindo o deste ano, o Brasil estava em crise.
Nessas ocasiões, os governos quebrados se salvaram temporariamente forçando a população a pagar mais impostos ou recorrendo a empréstimos bilionários do FMI.
Como resultado, de 1989 para cá a carga tributária nacional saltou de 23,7% como proporção do PIB para 32,4%. No período, também tomamos empréstimos de U$ 48 bilhões do FMI (1998 e 2002 somados) e mais U$ 23,5 bilhões do Banco Mundial e BID (1998).
As três eleições em que os eleitores puderam votar relativamente relaxados foram as de 1994 (ano do Plano Real), 2006 e 2010. Naqueles anos, o Brasil cresceu 5,9%, 4% e 7,5%, respectivamente.
Foi sobretudo nos pleitos de 2006 e 2010, nos governos Lula, que a economia manteve-se estável e quando não havia focos de turbulência financeira.
O que aconteceu ali? As contas do setor público estavam em ordem.
Foi a partir de 1999, como exigência do FMI para emprestar ao Brasil, que economizamos recursos do Orçamento todos os anos para pagar parte dos juros de nossa dívida pública. Fizemos o chamado superávit primário nas contas públicas.
Isso levou não só ao controle do endividamento público como à maior confiança dos empresários de que o Brasil não quebraria. Os juros caíram e eles investiram mais, estimulando emprego e crescimento.
O Brasil fez isso direto até 2013, quando Dilma Rousseff abandonou a prática no ano eleitoral de 2014 e passou a gastar além do Orçamento para se reeleger.
A partir daquele ponto, entramos na espiral negativa que nos prende até hoje: a dívida pública saltou 20 pontos, passando a 77% como proporção do PIB, os empresários e investimentos se retraíram e o desemprego explodiu.
Outra maneira de ver as coisas é a partir do crescimento médio do PIB.
Nos governos FHC, quando houve superávit só em alguns anos, a economia cresceu 2,4% em média. Nos dois governos Lula, de superávits seguidos, a expansão média foi de 4,1%. Sem superávits (e déficits altos) com Dilma 2/Temer, o crescimento médio deverá ser negativo em -1,2%.
O alemão Friedrich Hegel (1770-1831) dizia que a coruja de Minerva só levanta voo ao anoitecer. Isso para ensinar que a sabedoria só chega mais tarde, quando olhamos a história e entendermos o que aconteceu.
Já o magnata Henry Ford (1863-1947) dava outra interpretação, a de que a história seria desprovida de sentido: “Só um maldito acontecimento após o outro”.
A ver como os próximos presidente e Congresso interpretam esse tipo de coisa.
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