Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio

Ministro do Apocalipse

Para assumir o Meio Ambiente, não há nada pior do que Ricardo Salles

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O Brasil enfrenta uma das maiores crises ambientais da história. Em vez de usar todos os esforços para conter os danos, o governo perde tempo responsabilizando a Venezuela, os ambientalistas, até mesmo irmãs católicas missionárias. 

Mas se fosse para escolher um nome para representar todo o mal ao meio ambiente, esse nome seria Ricardo Salles.

Assim como um anticristo se prepara para o Apocalipse, o ministro começou a arquitetar seu plano de destruição muito antes do governo Bolsonaro. Quando ainda pilotava sua lancha pelas praias de Ilhabela —o mais próximo que chegou da natureza—, Salles encabeçou o movimento Endireita Brasil, que, além de moralista, é péssimo com trocadilhos. 

Ilustração mostra o ministro do meio-ambiente Ricardo Salles com peixes mortos, lixo, uma faixa escrito Havard e latões de óleo ao seu redor. Ele está pensando no rosto dele mesmo, cheio de corações em volta.
Galvão Bertazzi/Folhapress

Em pouco tempo, o futuro ministro conseguiu uma vaga como secretário do Meio Ambiente de Geraldo Alckmin. Mas seu compromisso ambiental era tão falso quanto sua escova progressiva no cabelo. O cargo era só uma desculpa para beneficiar empresas privadas para que explorassem áreas de preservação ambiental. 

Ser condenado por crime ambiental não foi impedimento para que Salles assumisse o Ministério do Meio Ambiente. O que equivale a chamar uma raposa para vigiar ovelhas, Sergio Moro para fazer propaganda de batom ou Damares Alves para cuidar de crianças indígenas (isso aconteceu e não deu certo).

Como ministro, cortou 77% dos conselheiros representantes de ONGs, em um claro desmonte do setor. Também mandou demitir o diretor do Inpe, Ricardo Galvão, para esconder o aumento no desmatamento na Amazônia em 278%.

Diante do maior desastre ambiental do litoral, demorou 41 dias para acionar o plano de contingência para vazamento de óleo. Ainda usou um vídeo falso para divulgar que o Greenpeace não estava ajudando a limpar o óleo. Deve ter aprendido no mesmo lugar onde falsificou seu diploma de mestre em Yale.

Em um país polarizado, Ricardo Salles é uma das poucas unanimidades. Ele é tão impopular que divulgou, ele mesmo, a hashtag #SomosTodosRicardoSalles. Nas redes sociais, equivale a dar like na própria foto ou fazer uma declaração de amor para si próprio. Até o ministro da Educação Abraham Weintraub, um lunático pueril, tem mais apoiadores.

Até Bolsonaro deve querer se livrar de Ricardo Salles, mas o mantém por teimosia. No fundo, está esperando alguém pior para substituí-lo. Mas é uma missão impossível, pois, para assumir o Meio Ambiente, não há nada pior do que Ricardo Salles.

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