Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio

Escândalo com joias faz Exército trocar nome de Sucatão para Sacolão

Após escândalo com joias, militares planejam golpe civil

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A Polícia Federal divulgou elementos das buscas em endereços do general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Barbosa Cid.

Entre o material foi encontrada uma foto usada para negociar a venda de esculturas recebidas pelo governo com um agravante: a imagem revelava o reflexo do general.

Cometer erros crassos é um talento conhecido entre os bolsonaristas, que acessam a rede de wifi da Câmara dos Deputados durante a invasão da Casa e tentam acessar emails desativados 99 vezes.

Mas poucos esperavam que tamanha incompetência viria da alta patente do Exército.

Ganhar o posto de general não é uma tarefa fácil e leva-se em média 30 anos. Entre pintar meios-fios e ser puxa-saco de oficiais, os candidatos também estudam e cursam universidade.

Fica o questionamento do que o general Cid estudou nesse período. Leis da física, como reflexão de luz, não foi.

Na ilustração de Galvão Bertazzi, um general do exército brasileiro está em pé no centro de uma cidade grande. Ele está devidamente uniformizado com sua fantasia militar.No seu corpo está pendurada uma placa onde está escrito: COMPRO VENDO DESVIO PATRIMÔNIO. Ele ergue um cartaz onde está escrito: EMITO NOTA! PRODUZO PROVAS! ao lado de uma medalhinha de condecoração. O general está com a mão na boca, gritando. Um avião da FAB está decolando, enquanto um outro avião da FAB está aterrissando. A calça e sapatos do general estão sujos de lama.
Ilustração de Galvão Bertazzi para coluna de Flávia Boggio de 16 de agosto de 2023 - Folhapress

O oficial já havia tentado vender as joias no início de 2023. Não conseguiu, porque as joias seriam folheadas a ouro. Além de militar incompetente, Cid pai é um péssimo traficante de joias.

A falta de aptidão para o contrabando não é exclusividade da família Cid. Durante o governo Bolsonaro, joias e esculturas foram transportadas do Brasil aos Estados Unidos por aviões da FAB, passadas de coronel a almirante. É como o jogo "passa anel", mas, no lugar de crianças, são oficiais de alta patente passando joias e esculturas milionárias. No final, ninguém assume quem ficou com o quê.

Se não fosse desmascarado, o Exército poderia mudar seu quartel-general para a rua 25 de Março. O avião da FAB, antes chamado de Sucatão, seria apelidado de Sacolão. Militares decretariam o "Golpe Civil", pelo direito de contrabandear como qualquer cidadão comum, sem manchar a imagem da instituição.

Oficiais alegam que são poucos integrantes que foram corrompidos pelo presidente. Difícil acreditar que homens de alta patente tenham sido corrompidos por um capitão expulso. Se foram, é mais uma prova da total incompetência do Exército.

Tanto que muitos brasileiros começaram a temer pela segurança nacional. Com esses militares, qualquer um poderia invadir o país. O Paraguai poderia realizar sua vingança.

A Bolívia poderia desistir do acesso ao Pacífico. Chegar ao oceano Atlântico é mais fácil. O que entristece é que, mesmo assim, ninguém quis.

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