Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
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'Vale o Escrito' é reality no qual vence quem assassina o concorrente

Espécie de BBB de psicopata, série aborda submundo do jogo do bicho

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Sucesso do Globoplay, "Vale o Escrito", série documental que conta a história do submundo do jogo do bicho no Rio de Janeiro, vai ganhar um podcast.


Apresentado por Pedro Bial, o conteúdo terá relatos de Fellipe Awi, criador da série, e Ricardo Calil, diretor e roteirista, sobre os bastidores, com trechos de entrevistas inéditos.

Há um mês na lista de mais vistas da plataforma de streaming, "Vale o Escrito" conta a história da rede do jogo do bicho, com detalhes das intrigas das famílias que dividem o poder e as atividades criminosas pelo território carioca.

Quando falamos em intrigas, isso inclui roubos, torturas, explosões de carro, envolvimento com a milícia e assassinatos violentos. Tudo à luz do dia, na frente de pontos turísticos e com mandantes famosos, tanto pelas páginas policiais como pela revista Caras.

Ao mesmo tempo que choca, a série cultiva um enorme grupo de fãs dos personagens, como o Capitão Guimarães, ex-torturador da ditadura que entrou por acidente na "contravenção" —nome simpático que dão para o jogo do bicho.

Na ilustração de Galvão Bertazzi temos um homem sentado atrás de uma mesa. Atrás dele um cartaz escrito FAçA SUA FEZINHA. Pendurado atrás de sua orelha, um lápis para anotar as apostas. Ele segura um revólver ainda soltando fumaça sobre a mesa. Bloquinhos de apostas estão ali também. Espalhadas pelo chão, inúmeras cabeças de seus inimigos, arrancadas e cobertas de sangue, que se espalha pelo chão. Um microfone e uma câmera de televisão aparecem nos cantos do desenho. O homem usa uma corrente, com uma cruz pendurada no peito.
Ilustração de Galvão Bertazzi para coluna de Flávia Boggio de 29 de novembro de 2023 - Galvão Bertazzi/Folhapress

Ou Peruinha, um bicheiro nonagenário simpático e mulherengo. Ou a herdeira de Maninho Garcia, Shanna Garcia, que se casou com seu personal trainer, o Zé Personal (os apelidos são maravilhosos), para garantir sua parte no mundo machista do jogo do bicho.

O sucesso de "Vale o Escrito" é tanto que o público troca figurinhas de WhatsApp dos personagens principais como se fosse o elenco de "Friends", elege seus criminosos favoritos e faz até a escalação da futura série de ficção, com Vladimir Brichta como Maninho Garcia e Deborah Secco como Shanna. É intrigante e, ao mesmo tempo, assustador, por se tratar de uma máfia assassina.

Muitos criticam a romantização de criminosos. "Vale o Escrito" parece um Big Brother Brasil, mas os participantes são todos psicopatas e o vencedor será quem assassinar os concorrentes.

A montagem primordial e o carisma dos bicheiros a tornam uma mistura de "Poderoso Chefão" com "Succession" e "Malhação", pelo fato de criminosos e policiais frequentarem a mesma academia.

Mas o que é o ser humano senão um personagem complexo, amável e odiável ao mesmo tempo. Ou, como diria o comentarista carnavalesco Milton Cunha ao descrever Maninho Garcia, "lindo de morrer, poderoso, simpático e violentíssimo".

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