Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
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Epidemia de filhos de férias gera esgotamento mental e privação de sono em pais

Ministério da Saúde emitiu comunicado e tranquilizou a população, dizendo que doença desaparecerá no final de janeiro

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O Ministério da Saúde emitiu um alerta para uma epidemia que assola todo o Brasil.

A doença costuma surgir, exclusivamente, nos meses de dezembro e julho. Seus principais sintomas são fadiga, falta de ar, tremores, sudorese, privação de sono e esgotamento mental.

Uma característica peculiar da enfermidade é que ela atinge apenas uma parcela da população: pessoas com filhos. Trata-se do TFF, Transtorno dos Filhos de Férias, síndrome que assola pais e mães brasileiros que encaram o terrível drama de, como diz o nome, conviver com seus filhos de férias.

Na ilustração de Galvão Bertazzi temos o desenho de uma mãe exausta usando um chapeuzinho do Mickey, segurando um bebê vomitando. Ele também usa chapéu do Mickey. Eles estão rodeados por crianças em fúria, todas usando chapéus do mickey. Elas batem umas nas outras, gritam e pegam fogo. Ao fundo um shopping center e um parque de diversões em chamas
Ilustração de Galvão Bertazzi para coluna de Flávia Boggio de 4 de janeiro de 2024 - Folhapress

Também conhecida como PQP-FDP, Pais que Padecem com Férias dos Pequenos, a moléstia se manifesta nos primeiros dias após a contaminação, até mesmo horas.

Ainda na madrugada, as vítimas acordam com taquicardia e pânico ao lembrar que os filhos não terão aula. Em pouco tempo, os doentes já sentem exaustão e melancolia por ter que alimentar, entreter, limpar, arrumar e guardar objetos pelo chão, enquanto trabalham.

"Já fiz dez sanduíches, recolhi 20 meias, limpei quilos de farelo de pão e pisei em 45 Legos. E não são nem 10h da manhã", desabafa Cássia Dias, mãe de duas crianças.

Quando cedem às telas, os pais sofrem do mal de ouvir sons de jogos e músicas como "Let It Go" por toda a casa. Até quando dormem, ouvem a música da Galinha Pintadinha tocando em suas mentes ininterruptamente.

O mal atinge principalmente pessoas com filhos pequenos, mas pode ser pior com pais de adolescentes, que se comportam como crianças, mas comem e gastam como adultos. Uma ida ao cinema pode ultrapassar os R$ 100 per capita, se incluir pipoca e refrigerante. A ansiedade crônica faz os enfermos olharem o saldo no banco a cada cinco minutos.

A doença piora quando os pais resolvem viajar à praia. O que seria uma forma de entreter os filhos se torna um agravante, com instalações ruins, areia na cama, chuveiro que dá choque e gastos exorbitantes. "Meus filhos já comeram R$ 500 em lula à dorê, sendo que ficariam igualmente felizes com Doritos", diz Bruno Marques, pai de três adolescentes.

O Ministério da Saúde emitiu um comunicado para tranquilizar a população, alegando que a TFF desaparecerá no final de janeiro. Mas pede que os brasileiros fiquem em alerta para uma segunda onda da epidemia, que pode acontecer nas férias escolares de julho.

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