Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

A ética da vacina

O provável é que prevaleça o egoísmo, como foi com os ventiladores

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Não há garantia de que conseguiremos desenvolver logo uma vacina contra a Covid-19, mas essa não é uma aposta absurda. Mais de cem grupos de cientistas se empenham nisso, e nunca houve tantos incentivos para criar um imunizante. Já existe até o sinal verde do grupo de ética da OMS para que voluntários humanos sejam infectados com o Sars-CoV-2. Isso pode acelerar os testes.

Índios recebem vacina contra a gripe (influenza) e os que têm sintomas do Covid-19 fazem teste - www.fotoarena.com.br

As questões éticas, porém, não se encerram com o desenvolvimento do fármaco. Na verdade, só começam. Um desafio quase tão formidável quanto o de criar a vacina é o de produzir bilhões de doses, distribuí-las e aplicá-las. Dobre esse esforço no caso de a imunização exigir duas doses. Um programa de vacinação com cobertura global talvez requeira mais tempo para ser executado do que o que foi necessário para criar o medicamento.

Nesse contexto, a questão da prioridade de acesso ganha relevância. Que países receberão os primeiros lotes? E, dentro de cada nação, quem terá direito às primeiras doses? Não é demais frisar que estamos aqui falando de vidas e liberdades.

No nível internacional, o mais provável é que prevaleça o egoísmo, como ocorreu com os ventiladores.

Mas o laboratório vencedor da corrida pela vacina quase certamente a licenciará para que seja fabricada em diferentes partes do mundo. O Brasil, como tem o Butantan e a Fiocruz, talvez se salve. Acabarão ficando para o fim da fila os países que não detêm nenhuma capacidade de produção.

E quais grupos devem ser os primeiros em cada nação? As diretrizes são mais ou menos consensuais.

Pessoas que atuam na linha de frente e as mais vulneráveis devem ter prioridade. O difícil é traduzir isso em recomendações concretas. É fácil ver que os trabalhadores em saúde e os idosos devem estar no alto da fila, mas o que dizer das inúmeras categorias que ficam nas zonas cinzentas, como comerciários, quinquagenários, gente com sobrepeso...

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