Esta coluna foi produzida especialmente para a campanha #CientistaTrabalhando, que celebra o Dia Nacional da Ciência. Ao longo do mês de julho, colunistas cedem seus espaços para abordar temas relacionados ao processo científico, em textos escritos por convidados ou por eles próprios. Cedo o espaço a Heno Ferreira Lopes, professor livre-docente da Faculdade de Medicina da USP.
A hipertensão arterial é o maior fator de risco para doenças cardiovasculares. Valores de pressão arterial (PA) acima de 115/75 mmHg aumentam o risco de doenças cardiovasculares. No entanto devemos respeitar os valores tolerados por cada paciente, principalmente os idosos, que às vezes não toleram PA mais baixa pelo fato de terem os vasos mais rígidos.
Há alguns anos o foco da nossa pesquisa tem sido desvendar a causa da hipertensão, que é desconhecida em mais de 90% dos casos. Os filhos de hipertensos têm sido estudados por nós e em diferentes partes do mundo. Eles já começam a apresentar alterações no comportamento da PA e do metabolismo de glicose e lipídios muito cedo na vida.
Sabemos que o sistema nervoso controla com precisão os valores de pressão arterial, glicose e lipídeos no sangue. Em estudos usando aparelho que permite medir a atividade do sistema nervoso na periferia (punção de nervo com agulha fina) demonstramos que os filhos de pais hipertensos têm maior atividade do sistema nervoso chamado simpático em relação aos filhos de pais normotensos.
Isso explica, em parte, o aumento da pressão e alterações do metabolismo que se iniciam muito cedo em quem tem predisposição genética para desenvolver hipertensão. Fatores ambientais como o sal e estresse contribuem para esse desequilíbrio do sistema nervoso. Em pesquisa que estamos iniciando, veremos se a produção inapropriada de cortisol, hormônio relacionado com o estresse, também está relacionada com a hipertensão.
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