Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Pais têm direito de não vacinar os filhos?

Preocupa a notícia sobre as sucessivas quedas da cobertura vacinal

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O raciocínio clássico de pais que reclamam o direito de não vacinar os filhos é o de que o Estado não pode passar por cima de suas crenças mais essenciais, que os definem como indivíduos. Não me comove. Convicções religiosas ou filosóficas são pessoais e intransferíveis. O fato de alguém ser religioso antivacinal ou ultrabicho-grilo não assegura que seu filho também o será. Até para garantir que a criança chegue à idade em que possa fazer sua escolha, é importante imunizá-la.

Assim, no nível dos princípios, não vejo dificuldade em criar uma argumentação em favor da obrigatoriedade. Mas concluir que a vacinação pode tornar-se mandatória não significa estipular que seja oportuno fazê-lo nem que devamos levar às últimas consequências os esforços para imunizar cada criança.

Se há uma notícia preocupante no front da saúde pública são as sucessivas quedas da cobertura vacinal. Mas todas as análises que li a respeito do fenômeno apontam causas mais mundanas para ele do que a militância ideológica. Ao que parece, os motivos principais para o abandono são uma combinação de dificuldades logísticas, como o horário de funcionamento e a falta de vacina nos postos, a preguiça paterna e a perda da sensação de urgência que, no passado, a maior incidência das moléstias provocava.

Como todas as pragas, acho que o movimento antivacinal ficará mais forte aqui, mas, por enquanto, ele não parece ser um fator relevante. Penso, portanto, que o poder público tem muita lição de casa para fazer antes de despachar a polícia para buscar crianças em casa e vaciná-las contra a vontade dos pais.

O interessante com vacinações é que não precisamos inocular 100% dos indivíduos para atingir a imunidade coletiva. Se os militantes antivacina se mantiverem em números diminutos, podem ser acomodados nas "folgas" imunológicas. O Estado deve evitar toda violência que não seja absolutamente imprescindível.

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