Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

As muitas mortes do Universo

Bolsonaro tem razão; todos morreremos, inclusive o Universo

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Bolsonaro tem razão. Não devemos nos preocupar com a Covid-19, pois, ao fim e ao cabo, todos morreremos. E não apenas nós. Esse também será o destino do planeta, da galáxia e do próprio Universo.

“Na plenitude do tempo, tudo o que vive morrerá”, escreve Brian Greene na abertura de seu mais recente livro, “Until the End of Time” (até o fim do tempo). Mas a visão do físico norte-americano neste livro dedicado a perscrutar as mortes do Cosmo é surpreendentemente menos niilista do que as omissões do presidente brasileiro.

É que no miolo da obra, entre considerações sobre a entropia e descrições dos vários “fins” que o Universo experimentará, Greene examina temas como linguagem, religião, consciência, arte, ciência, que, como ele próprio sustenta, podem dar sentido a nossas efêmeras existências.

Greene discorre sobre esses assuntos com competência, mas é quando explica aspectos mais abstrusos da física que ele se torna genial. Os capítulos finais do livro, em que ele detalha o que a entropia fará no longo prazo com objetos tão variados como planetas, estrelas, galáxias, buracos negros, energia, matéria, pensamento, permitem “insights” desconcertantes.

E, quando se fala aqui em longo prazo, é importante frisar o “longo”. O Universo tem hoje, arredondando, 1010 anos. Quando passarmos dos 1014, a maioria das estrelas da maioria das galáxias terá se apagado.

Aos 1030, buracos negros centrais terão sugado o que restou delas. Aos 1038, já não haverá átomos e, aos 1050, o próprio pensamento como atividade abstrata será impossível. Com 10102, tudo o que restará será uma difusa névoa de partículas vagando pelo espaço.

É aí que as coisas podem ficar interessantes de novo. Se admitirmos escalas de tempo verdadeiramente grandes, algo como 10.000.000.00068, flutuações quânticas poderão fazer com que objetos macroscópicos como eu, você e Bolsonaro reexistam por alguns instantes.

desenho sugere uma espécie de explosão em amarelo sobre fundo azul
Ilustração de Annette Schwartsman para coluna de Hélio Schwartsman de 13.dez.2020 - Annette Schwartsman

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