Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Antigamente epidemias eram atribuídas à ira dos deuses

Homero é um dos que fizeram isso, quando, na Ilíada, explica a irrupção de uma praga entre tropas gregas

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Epidemias bagunçam a cabeça da gente. Num dia todo mundo está bem, no seguinte, pessoas começam a adoecer e morrer como moscas. Não é uma surpresa que, mais antigamente, quando ainda não conhecíamos micróbios nem noções básicas de epidemiologia, os surtos fossem atribuídos à ira dos deuses.

Homero é um dos que fizeram isso, quando, na Ilíada, explica a irrupção de uma praga entre tropas gregas como uma punição infligida por Apolo porque o general Agamenon capturara e escravizara Criseida, filha de um de seus sacerdotes favoritos. O deus flechava suas vítimas, que caíam doentes. Curiosamente, Apolo é também o deus da medicina.

“Apollo’s Arrow” (a flecha de Apolo), de Nicholas Christakis, é um livro que explora a fundo as dualidades e sutilezas da epidemia de Covid-19. O autor, que é médico e sociólogo, explica com clareza a biologia do Sars-CoV-2, os rudimentos da epidemiologia e as dinâmicas sociais que podem tanto aliviar como agravar o impacto da doença.

um arqueiro de roupa vermelha e capa azul se prepara para lançar sua flecha
O deus flechava suas vítimas, que caíam doentes - Annette Schwartsman

Fã de história, Christakis também mostra como, da Antiguidade aos dias de hoje, epidemias despertam as mesmas reações nas pessoas, que vão do altruísmo extremo ao egoísmo exacerbado, passando pela politização.

Christakis correu riscos. Ele entregou os originais de “Apollo’s Arrow” no verão boreal, antes, portanto, da chegada das vacinas, das variantes e da segunda onda, que foi em muitos países mais avassaladora que a primeira. Não obstante, grande parte de suas previsões sobreviveu bem ao temível teste da realidade.

Ele disse que a vacina provavelmente chegaria rápido e que haveria sucessivas ondas, algumas possivelmente piores que a primeira, embora a tendência do patógeno, no longo prazo, seja a de tornar-se menos letal. Não interessa ao vírus matar o hospedeiro.

Mesmo que as previsões de mais longo prazo de Christakis não se confirmem, o livro vale pelos valiosos “insights” sobre o que já aconteceu.

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