Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Bloquear o Telegram é boa ideia?

Não é bom ter ferramentas de comunicação sem controle das autoridades?

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O Brasil deve bloquear o Telegram? É tentador enamorar-se dessa tese, considerando que o aplicativo se recusa até a conversar com a Justiça Eleitoral sobre medidas para reduzir as fake news, que parecem beneficiar desproporcionalmente a extrema direita. Mas a pergunta mais relevante talvez seja outra. É bom ou mau que existam ferramentas de comunicação interpessoal que não estejam sob controle das autoridades de um país?

A resposta é contextual. A maioria de nós corretamente torce o nariz para mentiras deslavadas, em especial quando se acredita que elas podem influir no resultado de eleições. A maioria de nós, contudo, também aplaudiu os jovens que foram às praças para tentar derrubar ditaduras durante a Primavera Árabe, o que só foi possível porque os governos locais não tinham controle sobre as comunicações na internet. A Primavera Árabe se revelou depois um fiasco, mas isso não altera a tese de que há situações em que é bom que a rede seja um território avesso a controles.

Devemos, muito pragmaticamente, tentar resolver nosso problema presente, que são as "fake news", ou devemos, vestindo o véu da ignorância rawlsiano, optar por uma posição mais universalista e principista de defesa da liberdade que as pessoas devem ter de acessar qualquer site ou app do planeta? O dilema é difícil mesmo.

O Partido Democrata americano passou por algo análogo há poucos dias, quando teve de decidir sobre o "filibuster", um mecanismo que permite à minoria dos senadores obstruir votações quase indefinidamente. Os republicanos usaram esse instrumento para impedir a aprovação de um projeto de lei federal que ampliaria o direito de voto. Dois senadores democratas, contudo, foram contra alterar as regras do "filibuster", lembrando que haverá eleições no fim do ano e é provável que os democratas se tornem a minoria da casa.

Devemos só fazer as perguntas fáceis ou também as difíceis?

Logotipo do Telegram em uma tela de celular - Kirill Kudryavtsev/AFP

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