Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Sigilos de Bolsonaro devastam a historiografia

Achava que o STF seria capaz de assegurar o respeito a princípios constitucionais

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Se há um padrão no governo de Jair Bolsonaro, é o de devastar aquilo em que toca. O caso mais gritante é o da Covid. O negacionismo presidencial contribuiu para a pilha de mais de 600 mil cadáveres que o Brasil produziu. O saldo de destruição também é visível nas florestas, nas escolas, na ciência e nos direitos humanos. A historiografia parece ser o próximo alvo de Bolsonaro, cuja administração vem decretando sigilos, às vezes de um século, sobre pedidos feitos com base na Lei de Acesso à Informação (LAI).

O episódio mais recente é o que envolve os pastores do MEC. O jornal O Globo requisitou informações sobre as andanças dos religiosos pelo Palácio do Planalto e obteve uma bela negativa, sob a justificativa de que a liberação violaria a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). A argumentação, que já é juridicamente capenga, se torna suspeita quando se considera que o governo impôs segredo sobre outras informações potencialmente embaraçosas para o presidente, sua família e seus amigos.

Autoridades aparecem de pé à frente de dezenas de pessoas em um auditório. Eles são na maioria homens, de ternos escuros, há uma mulher à esquerda de rosa
Pastores que negociam recursos do MEC em evento na sede da pasta com o presidente Bolsonaro, no dia 10 de fevereiro de 2020. Pastores Gilmar Santos e Arilton Moura estão à direita do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro - Reprodução

Pode-se dizer em favor de Bolsonaro que ele não é o único. Fernando Henrique Cardoso, ao contrário do atual mandatário, não tem um problema com a democracia. Mesmo assim, devido aos lobbies do Itamaraty e dos militares, permitiu criar a figura do sigilo eterno para documentos secretos, em clara violação ao princípio constitucional da publicidade dos atos da administração. Lula, apesar dos apelos em contrário, manteve o teratoma. Minha heroína aí é Dilma Rousseff. Ela pode ter arrasado a economia, mas foi a única presidente que tratou a transparência de forma republicana. Bancou a aprovação da LAI e pôs fim à sem-vergonhice do sigilo infinito.

Já fui mais otimista. Achava que o STF seria capaz de assegurar o respeito a princípios constitucionais mais óbvios, como o da publicidade. O Congresso, porém, segue desafiando as determinações da corte para abrir o orçamento secreto.

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