Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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greve

Democracia estudantil

Tecnologia poderia ampliar a participação de alunos em assembleias que decidem greves

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São Paulo

A USP está em greve. A paralisação, desta vez, foi deflagrada pelos alunos, que se queixam, com razão, da falta de professores. Só que a reitoria e as faculdades concordam com o diagnóstico e estão fazendo concursos para preencher as vagas abertas. O processo não ocorre no ritmo desejado, mas será que esse descompasso temporal justifica a greve? Eu penso que não, mas esse é um território em que cada um é livre para ter sua própria opinião.

E isso nos leva ao problema das assembleias que decidem as greves, mais especificamente de sua baixa representatividade. Desde os tempos em que eu era aluno, algumas décadas atrás, a militância estudantil se aproveita de uma assimetria das disposições. Quem é contra a paralisação, contingente que pode até ser majoritário, dificilmente comparece à assembleia, o que abre espaço para que a coorte mais politizada dos alunos imponha suas preferências.

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.Cartaz em apoio à greve no Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo) - Bruno Lucca/Folhapress - Bruno Lucca/ Folhapress

Ao menos em teoria, uma decisão democrática deveria levar em conta as vontades do maior número possível dos membros do grupo, não só as daqueles dispostos a enfrentar assembleias que podem ser bastante aborrecidas e até frustrantes. Uma solução clássica para esse tipo de dilema social é estabelecer um quórum mínimo de participação para que a assembleia tenha caráter deliberativo. O risco aí é cair numa espécie de inércia do imobilismo. Decisões relevantes não seriam tomadas porque a maioria tem preguiça de comparecer aos conciliábulos.

Creio que hoje já é possível dar uma resposta tecnológica para o problema. Não me parece difícil desenvolver um programa que permita a qualquer membro oficial do grupo expressar sua opinião por via digital. A convocação de uma assembleia já viria com os itens que serão votados e o prazo para fazê-lo online.

A dificuldade para que se adote um sistema desses é a resistência dos grupos organizados do movimento estudantil, que veriam sua hegemonia ameaçada.

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