Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu tecnologia

O elogio do fracasso

Livro faz cartografia dos erros e mostra que alguns são necessários para que saber avance

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Ninguém gosta de fracassar, e isso é um problema. Nossa estrutura psíquica evoluiu para nos afastar de erros. Mas, se varrer falhas para baixo do tapete fazia sentido no Pleistoceno, o mesmo raciocínio não se aplica na modernidade e suas instituições. A ciência, por exemplo, é um sistema no qual resultados negativos e hipóteses frustradas são parte indissociável do ecossistema. O saber não avança sem isso. Não obstante, mesmo sabendo disso, cientistas ficam desapontados quando suas previsões iniciais fracassam. Por vezes, até tentam esconder seus erros —o que pode ser desastroso para o sistema.

Em "Right Kind of Wrong" (o tipo certo de erro), Amy Edmondson (Harvard) traça uma cartografia dos erros. Eles podem ser básicos, complexos ou inteligentes. Podem ocorrer em situações de baixa, média ou alta incerteza. Podem dar-se em contextos já bem mapeados pelo conhecimento, nos nem tanto ou em terreno desconhecido. Cada combinação produz um resultado. Há desde o erro catastrófico do piloto que derruba o avião até os erros que revelam os buracos de uma teoria, abrindo as portas para as chamadas revoluções científicas.

A ilustração de Annette Schwartsman, publicada na Folha de São Paulo no dia 18 de fevereiro de 2024, mostra, sobre um fundo vermelho, uma bancada de laboratório com um cientista de meia-idade, cabelos grisalhos revoltos e óculos redondo que veste um avental branco, calça verde e camisa rosa clara, e usa luvas plásticas azuis claras. Ele derrama um líquido esverdeado fosforescente de um balão de destilação, na sua mão direita, para dentro de um béquer, na mão esquerda. Essa mistura produz fumaça e uma mensagem de erro.
A ilustração de Annette Schwartsman para coluna de Hélio Schwartsman - Annette Schwartsman

O ponto central de Edmondson é que precisamos entender essa paisagem para desenvolver mecanismos que nos ajudem a evitar os erros "errados" e aprender com os "certos". Criar ambientes que ofereçam segurança psicológica para que as pessoas falem abertamente sobre erros é fundamental para que organizações possam se aprimorar e inovar.

O livro tem uma pegada de autoajuda que não me agrada tanto, mas Edmondson trata com didatismo um assunto que é fundamental. Ela narra vários casos que ilustram com muita propriedade as questões abordadas. A autora também se preocupa em trazer histórias de inovadores que pertençam a grupos historicamente relegados, como mulheres e negros. Com isso, consegue fugir da repetição das histórias de sempre, comum em livros desse nicho.

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