Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu violência trânsito

Olhe de novo

Livro destrincha os efeitos psicológicos da habituação e defende que aprendamos a nos desabituar

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A Lava Jato não passa de uma criação da CIA. Essa asserção e variantes são demonstravelmente falsas, mas petistas as repetem tão amiúde que já há quem as tome por verdadeiras. O nome do fenômeno é "efeito da verdade ilusória", que pode ser definido como a tendência de acreditar que informações falsas estão corretas após exposição repetida. Incrivelmente, funciona.

"Look Again" (olhe de novo), de Tali Sharot e Cass Sunstein, explica essa e outras facetas da habituação, um dos mais fascinantes atributos da psique humana. Tecnicamente, a habituação é uma forma de aprendizado, caracterizada pela diminuição da intensidade com que respondemos a um estímulo à medida que a exposição se prolonga. A habituação é uma bênção e uma maldição.

A ilustração de Annette Schwartsman, publicada na Folha de São Paulo no dia 24 de março de 2024, mostra cinco pessoas apáticas dentro de um ônibus urbano. Pelas janelas se vê, no exterior, um assalto a mão armada à direita, e, ao fundo, uma família em situação de rua.
Ilustração de Annette Schwartsman para coluna de Hélio Schwartsman - Annette Schwartsman

Sharot e Sunstein explicam as bases evolutivas e biológicas da habituação e mostram como ela está envolvida em quase tudo o que fazemos. É ela que permite que nos adaptemos a novas realidades. Mas também é o mecanismo por trás da própria insatisfação humana: nós rapidamente nos acostumamos às coisas boas em nossas vidas e deixamos de valorizá-las.

Os autores sustentam que precisamos aprender a nos desabituar. Em várias circunstâncias, fazê-lo pode significar extrair mais prazer de nossas atividades, nos livrar de fatores de estresse e até inovar mais.

Sharot e Sunstein passam sua mensagem num texto cheio de boas histórias, muitas delas surpreendentes. "Högertrafikomläggnigen" é a palavra sueca para designar "desvio do tráfego para a direita". É como ficou conhecido o dia 3 de setembro de 1967, quando a Suécia trocou a mão inglesa pelo sistema vigente no restante da Escandinávia. As autoridades esperavam um aumento nos acidentes, mas o que se constatou foi uma redução.

A explicação? A desabituação levou os motoristas suecos a ficarem mais atentos. O efeito durou dois anos. Depois houve nova habituação e os acidentes voltaram às taxas basais.

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