Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu acidente aéreo

Regulação que funciona

Cultura de segurança em torno da aviação comercial reduziu significativamente as taxas de desastres com mortes

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São Paulo

Parte dos liberais tem vontade de sacar o revólver só de ouvir a palavra "regulação", mas há situações em que ela funciona exemplarmente. Um dos setores mais regulados do mundo, especialmente no quesito segurança, é a aviação comercial. E, apesar de ainda ocorrerem acidentes trágicos como o do avião que caiu em Vinhedo (SP), eles são cada vez mais raros.

Em 1959, registravam-se 40 acidentes com mortes para cada milhão de voos nos EUA. Dez anos depois, a cifra havia caído para menos de 2 e hoje baixou para 0,1. Os números para outras regiões do planeta não são os mesmos, mas a curva de redução é semelhante.

O avião modelo ATR 72-500, da companhia aérea Voepass, que caiu dentro de um condomínio residencial em Vinhedo, deixando 62 mortos. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress

Vários fatores contribuíram para a melhora. A tecnologia é fundamental. Não foram só os aviões que ficaram melhores e mais seguros. O mesmo ocorreu com os sistemas de controle de voo e com o treinamento de pilotos, que passaram a dispor de simuladores. Com eles, tornou-se possível aprender errando (a forma mais efetiva de aprendizado) e sobreviver à experiência.

Igualmente importante, desenvolveu-se uma cultura de segurança entre os principais atores. Cada acidente e cada incidente (situação de risco que não vira desastre) são minuciosamente investigados, num processo do qual participam todos os interessados (empresas aéreas, fabricantes, sindicatos de pilotos etc.) e que não tem implicações judiciais.

As conclusões dos especialistas se convertem em recomendações que são incorporadas à indústria, tanto no desenho das aeronaves como nos protocolos de segurança e no treinamento de pessoal.
Não dá para afirmar que não existem conflitos de interesse entre os principais atores, mas as divergências não parecem capazes de desfazer o casamento entre ciência e regulação inteligente que conseguiu reduzir as taxas de desastres.

Seria interessante levar algo dessa cultura para a prevenção de acidentes de trânsito, que, no Brasil, ainda matam mais de 30 mil pessoas por ano.

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