Ivan Marsiglia

Jornalista e bacharel em ciências sociais, Ivan Marsiglia é autor de “A Poeira dos Outros”.

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Chapa quente em 2022

No Twitter, Datafolha traz alívio a Bolsonaro, mas faz de Moro um aliado perigoso

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As bolhas pró e contra o governo no Twitter procuraram enfatizar os números que mais lhes conviessem na pesquisa Datafolha divulgada no domingo (8). Embora a corrosão da credibilidade do presidente @jairbolsonaro tenha animado a oposição, a queda do índice de reprovação do presidente trouxe alívio aos governistas.

No fim de semana, parlamentares do PT e do PSOL comemoraram os dados preliminares da pesquisa: @senadorhumberto “Com menos de um ano no poder, o governo da mentira e da destruição colhe o que planta: oito em cada dez brasileiros desconfiam das declarações de Bolsonaro. A desconfiança recorde da população é mais uma prova de que o presidente não tem a menor credibilidade.”

@IvanValente “O Datafolha não traz boas notícias para Bolsonaro. Ao menos 80% desconfiam do que ele fala. 36% acham o governo péssimo. Sua desaprovação parou de crescer em razão da falsa propaganda de que a economia melhora. A terrível situação da maioria agravará o isolamento do governo.”

Aliado do presidente, o @PastorMalafaia reagiu com descrença e ataques em letras maiúsculas ao instituto: “DATAFOLHA NÃO TEM MORAL PARA FAZER PESQUISA NENHUMA, MUITO MENOS SOBRE BOLSONARO! Esses cínicos, dissimulados, esquerdopatas, manipuladores de pesquisa não têm moral e legitimidade para falar nada. Não tenho memória curta! É só lembrar da safadeza deles na última eleição.”

A descrença, porém, contaminou gente de oposição na plataforma, que também criticou a pesquisa: @GlaucoS41843642 “Sinais de melhora na economia fazem parar o aumento da rejeição ao governo Bolsonaro, segundo o Datafolha. Qual melhora? A carne a 50 reais o kilo, o preço do feijão nas alturas, o preço do gás nas alturas, o preço da gasolina e do diesel impraticável? A blindagem começou!”

O escritor @jpcuenca inverteu os enunciados destacados pelo jornal para enfatizar seu desalento: “Sobre o Datafolha, só consigo ler três coisas: 62% dos brasileiros acham esse governo ótimo, bom ou regular; 32% acham que o comportamento do presidente é adequado, sempre ou na maioria das ocasiões; 56% confiam no que o presidente diz sempre ou às vezes.”

O ministro-chefe da Casa Civil fez coro com @jairbolsonaro e comemorou, no próprio dia 8, sem mencionar o Datafolha: @onyxlorenzoni “PIB acima da meta, emprego crescendo, criminalidade caindo. O Brasil no caminho certo. Bom domingo a todos.”

Já o professor de psiquiatria da Unicamp não escondeu seu desespero: @lftofoli “Eu acho enlouquecedor que depois de um ano de barbáries que têm acontecido a rejeição de Bolsonaro seja apenas de um terço dos brasileiros. Pela primeira vez começo a aceitar que somos mesmo horríveis. E aí me vem um misto de vergonha e vontade de fugir. O que me dizem vocês?”

Vice nada decorativo 

A notícia, dada há uma semana pela coluna de Mônica Bergamo na Folha, de que Sergio Moro voltou a ser cotado para vice na chapa de Bolsonaro à reeleição, encontrou novo empecilho —além da resistência de grupos evangélicos que desejam emplacar um nome da base— na alta popularidade do ministro da Justiça registrada na pesquisa.

De fato, depois de uma queda de oito pontos percentuais no auge das revelações da Vaza Jato veiculadas em julho pelo The Intercept Brasil e a Folha, Moro manteve 53% de “ótimo e bom” e é o ministro mais bem avaliado da atual administração —Bolsonaro amargou 30%. O que faz do ministro da Justiça, ao mesmo tempo, um aliado indispensável e um concorrente perigoso para 2022.

Entusiasta do lavajatismo, o jornalista @jose_neumanne, do Estado de S. Paulo, foi sugestivo: “Chances de Bolsonaro em 2022: Ainda é muito cedo para levar pesquisa em conta, mas Datafolha já revela a realidade do fato de que até agora não apareceu, além de Moro, nenhum líder político capaz de evitar que presidente seja reeleito.”

A jornalista e editora do site Os Divergentes, @HelenaChagas, foi mais direta em sua avaliação: “Datafolha: Moro no caminho de Bolsonaro.”

Em linha semelhante tuitou o cientista político e autor do best-seller "A Cabeça do Eleitor", @albertocalmeida “A última vez que um ministro se tornou mais importante que um presidente foi Fernando Henrique com Itamar.”

Porta da desesperança 

Nos trending topics na tarde desta segunda-feira (9), 102 mil tuítes mencionavam negativamente “Silvio Santos” por outro episódio ocorrido no programa exibido no domingo (8). Durante as gravações do quadro “Quem Você Tira”, o apresentador ignorou a vitória por larga vantagem da cantora negra Jennyfer Oliver na preferência do público para premiar outra concorrente, branca, que considerou “muito bonita” e “boa para a televisão”.

Para o deputado distrital e presidente do PSOL-DF, @fabiofelixdf, “nem quando a tão estimada ‘meritocracia’ mostra quem é a melhor, o racismo deixa a mulher preta ganhar. Impressionante o preconceito descarado de Silvio Santos. Não é a primeira vez que uma cena lamentável como essa acontece em seu canal. O racismo é injustificável!”

Diante da repercussão, o portal de notícias @BuzzFeedNewsBR postou a resposta dada por Jennyfer em seu Instagram: “‘Não vou me vitimizar, quem assistiu viu, o povo sentiu a situação, fiquei superconstrangida no momento [da gravação], mas como demorou três semanas [para a exibição do programa], eu não podia mencionar nada sobre o assunto’, escreveu a cantora.”

Mensagem de Natal 

Compartilhada pela jornalista e editora-contribuinte do The Intercept Brasil, @Cecillia “Uma igreja da Califórnia fez um presépio onde Maria, José e o menino Jesus estão em jaulas separadas, assim como são tratadas famílias de imigrantes nos EUA em 2019.”

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