Não que tenha sido surpreendente, porque os três times brasileiros que estão nas quartas de final da Libertadores eram os mais apostados e são, de fato, os mais gabaritados.
Faltou o Flamengo, mas eliminado por outro time daqui, o Cruzeiro. Porque Corinthians e Santos são muito limitados e era mesmo improvável irem mais longe. Se fossem, fatalmente não passariam da próxima fase a não ser por essas coisas do futebol --como as que permitiram ao modesto Atlético de Tucumán argentino, próximo adversário do Grêmio, eliminar o Atlético Nacional colombiano.
Cruzeiro, Grêmio e Palmeiras chegaram aonde tinham de chegar e podem ir mais longe, ao título, inclusive.
Tanto o bicampeonato alviverde, quanto o tri cruzeirense ou o tetra gremista são possíveis, ainda mais porque os paulistas não terão o doido Felipe Melo contra o fraco Colo-Colo, e os gaúchos, apenas o Tucumán pela frente.
Dureza terá o Cruzeiro, porque com o hexacampeão Boca Juniors no caminho.
Pela estrada ficaram o alto investimento do Flamengo, a permanente inconstância do Santos --tão duradoura que virou, paradoxalmente, sinônimo de regularidade-- e o desmanchado campeão brasileiro Corinthians.
A imprensa chilena, ao exaltar o feito pelo Colo-Colo, fez questão de lembrar o fato de o Alvinegro ser o atual campeão do país pentacampeão mundial. Duas meias verdades.
Porque do time campeão no ano passado foram embora Balbuena, Pablo, Guilherme Arana, Maycon, Rodriguinho e Jô. Ninguém resiste.
E também porque o pentacampeonato mundial é realidade cada vez mais distante, de 16 anos e quatro Copas atrás --nas quais a seleção brasileira caiu três vezes nas quartas e quando chegou às semifinais amargou o pornográfico 7 a 1.
Verdade que nem mesmo quando dominava o mundo o futebol brasileiro teve facilidade nas Libertadores, porque paraíso do doping, da violência, da intimidação, dos gramados lastimáveis, da altitude desumana e da solidariedade dos irmãos de língua espanhola, aí incluídas as arbitragens preponderantemente danosas em relação aos times nacionais.
Tanto que o dominante Santos deu-lhe as costas na década de 1960 e preferia excursionar seu timaço Europa afora.
Insiste-se aqui a ponderar sobre a necessidade de os times do Brasil darem um basta ao desequilíbrio, seja pela obrigação de jogar nas alturas, em charcos, ou sob a proteção de escudos para bater escanteios, embora tanto o Santos quanto o Palmeiras tenham dado péssimos exemplos na semana que passou. Sim, bastaria exigir da Conmebol uma medida simples como esta: teve de bater um escanteio protegido pela polícia e o jogo está encerrado, com perda de pontos para o mandante.
Voltemos, no entanto, à fotografia do atual futebol brasileiro, submetido ao calendário espremido pelos campeonatos estaduais, à necessidade de exportar pé de obra e desmanchar times campeões, ao arbítrio e corrupção da CBF, enfim, ao que fez do outrora "beautiful game" uma espécie de terceira divisão do futebol mundial.
O futebol nacional virou saco de pancadas dos europeus, e a maior parte dos clubes nem sequer faz frente a adversários sul-americanos muito mais modestos, embora com a compreensão sobre as mudanças acontecidas no jogo, diferentemente do pensamento de muitos dos técnicos brasileiros.
A Argentina pôs 4 times entre os 8. Estamos no mato sem cachorro, à mercê de um brilhareco aqui, outro ali. Que Cruzeiro, Grêmio e Palmeiras cumpram com os seus deveres.
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