Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Grande? Palmeiras é um campeão enorme

A trajetória palmeirense não deixa dúvidas a respeito de quem foi o melhor do campeonato

Deyverson comemora com Felipão o gol do título palmeirense contra o Vasco
Deyverson comemora com Felipão o gol do título palmeirense contra o Vasco - Ricardo Moraes/Reuters
São Paulo

O candidato vencedor na última eleição presidencial certamente vive o melhor ano de sua vida apesar da infame facada sofrida na campanha.

Palmeirense, agora comemora também a conquista do Campeonato Brasileiro.

Felizmente para ele, e para os trabalhadores brasileiros que ainda têm carteira assinada, não vigora, pelo menos por enquanto, a ideia de seu vice em acabar com o 13º.

Porque com uma rodada de antecedência, e antes de dezembro chegar, o Palmeiras levantou pela 13ª vez uma taça de enorme valor, a sexta do torneio mais importante do país desde 1971. Na verdade, a oitava porque os dois títulos do chamado Robertão devem fazer parte da conta --, além das duas Taças Brasil e das três Copas do Brasil.

Não é para qualquer clube, ao contrário, apenas a Sociedade Esportiva Palmeiras pode dizer ter tantos troféus nacionais em sua sala.

É possível até afirmar que o alviverde atirou no que viu e acertou no que não viu em 2018.

Trouxe Luiz Felipe Scolari para buscar a Libertadores ou a Copa do Brasil, economizou o que pôde no Campeonato Brasileiro e o conquistou com os pés nas costas ao fazer um segundo turno impecável.

Felipão pegou o time em sexto lugar, a oito pontos do líder São Paulo na 17ª rodada e permanece invicto de lá para cá, coroando a campanha em São Januário, com o gol de Deyverson.

Como tem sido habitual na história dos campeonatos nacionais neste século, venceu sem ter sob seu comando um time dos sonhos, porque faz tempo que nenhum clube brasileiro monta times inesquecíveis.

Mas soube alcançar os resultados necessários graças ao elenco mais valioso e equilibrado do país e ao fazer valer a regularidade necessária nas competições por pontos corridos.

Mata-matas, é sabido, muitas vezes não premiam os melhores, porque acidentes desses comuns no futebol, ou um erro de arbitragem, põem tudo a perder.

Na maratona de 38 rodadas--no caso de Felipão de 22, porque ainda resta uma-- é que se mede quem de fato é o melhor. A trajetória palmeirense não deixa dúvidas a respeito.

Haverá de chegar o dia em que se dará mais importância ao Campeonato Brasileiro do que à Libertadores, pelo menos enquanto o nosso futebol não for capaz de voltar a jogar com os europeus de igual para igual.

Porque a disputa do Mundial de Clubes tem sido companheira de frustrações, quando não de vexames mesmo.

Para tanto será imprescindível o fortalecimento dos maiores times do país, mantê-los e reforçá-los, permitir ao torcedor decorar suas escalações e não desmontá-los a cada temporada.

Dudu é o nome do melhor jogador do ano, conservado a duras penas apesar do assédio chinês, embora não seja ainda jogador da seleção brasileira. 

Será fundamental que permaneça, mas, será possível?

Ninguém tem o poderio financeiro do Palmeiras, embora seja razoável perguntar se é só uma circunstância ou significa a almejada autossustentabilidade -- palavrão sinônimo de solução.

A hora é de festa e de manter a invencibilidade no returno, façanha também jamais alcançada desde 2003 quando o Brasileiro passou a ser disputado em pontos corridos.

Campeão em 2016, vice em 2017, campeão de novo em 2018. Assim se faz e se mantém um grande clube, mais que um clube grande.

O ano 2019 bate à porta e o desafio está posto: ganhar tudo talvez não dê; disputar tudo dá, como deu em 2018.

Uma final, duas semifinais e o maior dos títulos.

Parabéns!

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