Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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O futebol brasileiro tem a oportunidade de mudar o calendário

Da pandemia, surge a chance de o futebol daqui passar a andar como o mundial

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Voltemos a olhar para a metade cheia do copo.

Em tempos de justificável pessimismo, não custa olhar para a crise, como há milênios fazem os chineses.

A pandemia oferece de mãos –bem lavadas, por favor, diversas vezes ao dia– beijadas a possibilidade de adequar o calendário brasileiro do futebol ao que se pratica, há décadas, no mundo civilizado do ludopédio, com adesões mais recentes de centros importantes da América Latina.

CBF, presidida por Rogério Caboclo, suspendeu todas as suas competições por tempo indeterminado
CBF, presidida por Rogério Caboclo, suspendeu todas as suas competições por tempo indeterminado - Leandro Lopes/CBF

Tudo indica que o vírus liquidou os anacrônicos campeonatos estaduais nos moldes em que são disputados até serem tardiamente interrompidos.

Esqueça que corintianos, cruzeirenses, botafoguenses e vascaínos têm motivos para comemorar a interrupção.

Abandone sentimentos clubísticos apenas até o fim da leitura da coluna –se a rara leitora e o raro leitor tiverem paciência para tanto–, deixe de lamentar a suspensão dos jogos como são-paulina ou são-paulino com motivos para sonhar com o título, e pensemos juntos: adiada a inútil Copa América, postergadas as eliminatórias para a Copa do Mundo e considerando-se que a pandemia não dará trégua até julho, por que não começar o Brasileiro no segundo semestre e terminá-lo no meio do ano que vem, adotar a temporada 2020/2021?

Não venha, por favor, com o argumento do verão, porque os campeonatos estaduais já são disputados durante os meses mais quentes do ano. Bastará começar os jogos em horários mais amenos.

Feito isso, olhe que beleza: assim como na maior parte do planeta, por aqui também poderemos respeitar as datas Fifa e paralisar o campeonato quando houver jogos da seleção.

Com ajustes aqui e ali, será possível disputar o torneio mais importante do país apenas aos fins de semana, reservando os meios aos mata-matas nacionais e continentais.

De quebra, ainda será possível fazer pré-temporadas nos torneios de verão Europa afora, como muito antigamente faziam os melhores times brasileiros, porque, então, não existia o campeonato nacional.

Não adianta querer resolver o insolúvel. Buscar datas para terminar os estaduais conduzirá àquela situação, já vivida anos atrás, de alguns clubes terem de jogar dois, ou até três, jogos no mesmo dia.

Passado o tsunami que assola a Terra, tratado pelos sociopatas como chuvas de verão, tratemos de organizar os estaduais em novos moldes, ao longo de toda a temporada, sem os clubes que têm lugar nas competições nacionais e internacionais.

Sim, atenção: em nenhum momento aqui se propôs enterrar pura e simplesmente os estaduais. Ao contrário, sempre se quis vê-los durante todo o ano, apenas racionalizados.

Que esperança há do coronavírus ativar os dois neurônios dos cérebros encartolados, com o perdão do neologismo?

Pouca, quase nenhuma, mas sempre há a obrigação de tentar.

Pois já não temos milhares de arrependidos pelo que fizeram na eleição passada? Até entre políticos eleitos com votações recordes? Sejam bem-vindos.

Verdade que o capitão teve de dar uma canelada aqui, outra bola fora ali, pisar nela sem dó nem piedade, escorregar na cara do gol, xingar o juiz, até marcar dantescamente contra a própria rede no último domingo (15), ali pertinho do Mané Garrincha, para a torcida se dar conta de que o copo transbordou.

A regra é clara: quem treme na hora da decisão, incapaz de liderar o time, merece que a massa peça sua expulsão de campo.

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