Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Qual terá sido o maior jogo dos 80 anos de história do Pacaembu?

Resposta é difícil de ser dada, porque sempre dependerá da perspectiva de quem a dê

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Completadas oito décadas como palco mais acolhedor da torcida paulistana, a pergunta se impõe: qual jogo foi o mais importante da história do Pacaembu?

A resposta é difícil de ser dada, porque sempre dependerá da perspectiva de quem a dê.

Pode ter sido, e aí não cabe preferência clubista, o empate, 2 a 2, entre Brasil e Suíça na Copa do Mundo de 1950, quando, aliás, por alguns dias, o estádio ficou marcado por dar azar, bobagem logo superada pelo Maracanazo.

Afinal, o embate entre brasileiros e suíços foi o único da seleção valendo Copa do Mundo no estádio.

Outros momentos podem entrar na disputa, menos pela importância dos jogos em si e mais pelo que aconteceu, como a estreia de Leônidas da Silva, no São Paulo, em 1942, com recorde de público 72.018 torcedores.

O jogo, contra o Corinthians, terminou empatado, por 3 a 3, num torneio amistoso.

Palmeirenses, que conquistaram Campeonato Brasileiro nele, em novo empate, 1 a 1, com o Corinthians, em 1994, e são-paulinos perdoem, mas importantes mesmo foram duas decisões de Libertadores, em dois anos seguidos, 2011 e 2012, tendo o Santos e o Corinthians como protagonistas e vencedores.

Antes houve outra final, é verdade, em 1961, mas outro 1 a 1, contra o Peñarol, impediu o título alviverde.

Pois também contra o time uruguaio, exatos 50 anos depois, o Santos de Neymar e Ganso venceu por 2 a 1 e conquistou o tricampeonato continental.

As duas conquistas anteriores tinham acontecido em Buenos Aires, no Monumental de Nuñez, contra o Peñarol, em terceiro jogo desempate, a negra, como se dizia, e na Bombonera.

Já em 2012, o Pacaembu festejou a primeira, e única, Libertadores corintiana, na vitória por 2 a 0 sobre o Boca Juniors.

O santista dirá que o tri é maior e o corintiano responderá que o ineditismo vale mais.

Argumentará mais, com a quebra do tabu de 11 anos sem ganhar do Santos, em 1968, 2 a 0, gols de Paulo Borges e Flávio, ou ainda com o 7 a 1, em 2005.

O praiano devolverá com o 7 a 4 de 1964, com quatro gols de Pelé e três de Coutinho e a discussão não terminará jamais, com direito ao tricolor lembrar do dia em que o Santos tomava de 4 a 1, com Pelé e tudo, e fugiu de campo, num cai-cai humilhante, em 1963.

Ou seja, sem querer, a coluna tomou um desvio, saiu do controle do colunista e começou a elencar memórias de jogos memoráveis, com o perdão da redundância, não necessariamente importantes para os campeonatos em que foram disputados, mas pelos jogos em si.

Impõe-se voltar ao que nos trouxe aqui: como o Brasil e Suiça acabou não sendo significativo para a sorte da Copa de 50, mas apenas para o estádio ficar marcado como azarado porque a seleção vinha de estreia com goleada no México, por 4 a 0, na abertura do torneio, no Maracanã, e como a Libertadores é tida como mais importante que o Campeonato Brasileiro, embora haja controvérsias, os alvinegros paulistas têm as glórias de protagonizar os dois jogos mais importantes do velho Pacaembu.

Mais importantes, porém, não significam os maiores, nem os melhores, escolha que ficará a gosto da rara leitora e do raro leitor.

Apesar de que, e aí parece haver unanimidade, o mais importante, o maior, mesmo que o pior dos jogos, estar sendo jogado agora, quando o gramado do Pacaembu abriga o hospital de campanha contra a pandemia.

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