A vantagem em pontos ainda não é assustadora, só três separam o líder Palmeiras do vice-líder Corinthians, nem o futebol alviverde é tão vistoso como o do Flamengo, campeão em 2019 com os pés nas costas.
Porém a diferença na tabela só tende a crescer, e no gramado é cada vez mais gostoso ver o Palmeiras jogar.
Se Abel Ferreira é muito melhor nas entrevistas que o conterrâneo Jorge Jesus, se contribui criticamente mais que o colega lusitano, o time dele, sem as estrelas que o Flamengo tinha e tem, caminha para ficar na história, além dos títulos que conquistou e ainda deve conquistar, pelo futebol que está jogando.
Os rabugentos dirão que fazer 4 a 2 em casa no Atlético Goianiense, um dos rabeiras, está longe de justificar elogios ou entusiasmo.
Pode ser, mas parece que o Palmeiras está invicto há 18 jogos, com 14 vitórias, e a virada sobre os goianos merece olhar além do placar.
Porque o 1 a 0 dos visitantes em gol contra de Luan, fruto de três erros seguidos do zagueiro em lance insólito, tinha tudo para desestabilizar qualquer time inseguro ou imaturo. Tudo o que o Palmeiras não é.
O que se viu foi o inverso.
Cabeça fria, coração quente, em sete minutos o alviverde marcou quatro gols e lembrou a Alemanha no Mineirão.
Ora, senhor colunista, que exagero, podem dizer a rara leitora e o raro leitor, principalmente quem não for palmeirense.
Talvez, de fato, as comparações sejam precipitadas e exageradas, mas, vejamos.
Pegue a 12ª rodada, a última antes do final de semana em curso.
O Atlético Mineiro ficou em pálido 0 a 0 com o Ceará, verdade que em Fortaleza e, dirão, com razão, os contestadores, com o time que fez 3 a 2 no Palmeiras, em São Paulo, na primeira rodada.
O Flamengo, graças à volta de Dom Arrascaeta, enfim, venceu, mas o fraco Cuiabá, e no Maracanã, por 2 a 0.
Galo e Mengo, como se sabe, eram (são?) os candidatos ao triangular com o Palmeiras.
Já o vice-líder Corinthians, com a vitória praticamente ganha em Curitiba, entregou o empate, 1 a 1, ao Athletico Paranaense.
O São Paulo, contra quem o Palmeiras jogará nesta segunda-feira (20), no Morumbi, é forte só em casa, porque fora não ganha de ninguém —e ainda tirou o Botafogo de jejum de cinco jogos, ao ser derrotado, no Nilton Santos, por 1 a 0.
Sim, o Inter cresce, Mano Menezes parece dar jeito à equipe gaúcha, mas, francamente, alguém acredita que possa ameaçar a hegemonia alviverde?
Só resta uma atitude aos 19 times que competem (e aqui o competem é quase modo de dizer) com o Palmeiras: estabelecer que o alviverde é o adversário a ser batido e juntar todas as forças com tal objetivo, combinar que derrubar o Golias equivale a ganhar o Santo Graal.
Ou, então, concluir que o campeonato do Palmeiras é outro, e lutar para ficar entre o segundo e o sexto lugares, em busca de vaga na Libertadores, jamais entre os quatro últimos.
Porque, por enquanto, o Palmeiras sobra e a maioria dos adversários soçobra.
Sete vezes
Mais fácil que o previsto, o Golden State Warriors é heptacampeão da NBA, e Stephen Curry, o MVP das finais.
Dor e raiva
Sim, aqui é lugar de tratar, predominantemente, de esporte.
Mas os assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips deixam o mesmo amargor que deixaram os de Vladimir Herzog e Manoel Fiel Filho.
Que não seja em vão, como não foi em 1975.
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