Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Juca Kfouri
Descrição de chapéu Mundial de Clubes

Para ser tricolor no Mundial

O Fluminense estreia no torneio de clubes em busca de nova alegria em três cores

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

"O Fluminense é o único time tricolor do mundo. O resto são só times de três cores", exagerava Nelson Rodrigues, que dizia também: "Se o Fluminense jogasse no céu, eu morreria para vê-lo jogar".

Nem uma coisa nem outra são verdadeiras, embora a primeira frase expresse a paixão ilimitada do dramaturgo imortal e a segunda revele uma confiança irrestrita nos desígnios divinos. Haveria céu para pena tão maldita?

Nesta segunda-feira (18), o Fluminense estreará no 20° Mundial de Clubes da Fifa, em busca de ser o quarto clube brasileiro a vencê-lo, o primeiro carioca.

Torcedores apoiam Fluminense no embarque para o Mundial - Mauro Pimentel - 12.dez.23/AFP

Nas 19 edições anteriores desde 2000, os europeus ganharam 15 títulos, e São Paulo, Inter e Corinthians (duas vezes) foram os sul-americanos campeões.

Houve até quem caísse nas semifinais, casos do Inter, do Palmeiras e do Flamengo.

O papão, para variar, é o Real Madrid, pentacampeão, e desde 2012, quando o Corinthians foi bi, só dá clubes europeus com a taça.

Santos (2011), Grêmio (2017), Flamengo (2019) e Palmeiras (2021) chegaram à finalíssima, mas perderam.

O Santos, de maneira acachapante, 4 a 0 para o Barcelona.

O Grêmio não foi páreo para o Real Madrid, mas perdeu apenas por 1 a 0, assim como Flamengo e Palmeiras caíram diante de Liverpool e Chelsea por diferença mínima e na prorrogação.

Nos dois últimos casos, os ingleses foram melhores, apesar de tanto os rubros-negros quanto os alviverdes terem criado oportunidades para vencer.

A diferença técnica entre os europeus e os demais é cada vez maior, tanta que deixou para trás os tempos em que a disputa intercontinental era equilibrada e consagrou esquadrões como os de Santos (duas vezes), Flamengo, São Paulo (outras duas) e Grêmio —todos também reconhecidos pela Fifa como campeões mundiais.

Pior: também os clubes de outros continentes resolveram virar potências, muitos com capacidade de investimento maior que a dos sul-americanos, razão pela qual cair nas semifinais deixou de ser papelão.

Daí a expectativa antes da estreia do tricolor de Nelson Rodrigues e de Chico Buarque de Hollanda, este nada hiperbólico em sua torcida, certamente antenado no que acontecerá em Jidá, na Arábia Saudita, no estádio King Abdullah, também chamado de "Joia Brilhante", para mais de 62 mil torcedores, no mar Vermelho.

Vermelho que, diferentemente do que ocorre na maioria dos nossos tricolores, não faz parte das três cores do Flu, embora haja quem o confunda com o grená, ou encarnado, que se junta ao branco e ao verde.

O Al Ahly será o adversário do Fluminense nas semifinais - Ali Maaloul - 15.dez.23/Reuters

Sabe aquele menino aqui descrito na coluna do último sábado?

Pois ele, ao ir se curar de perigosa tuberculose ganglionar na Bahia, em 1956, aos seis anos, recebeu a visita solidária de todo o time das Laranjeiras, com Telê Santana, Castilho, Pinheiro, Waldo, Escurinho, Altair, Jair Marinho, comandados por Zezé Moreira, que jogaria horas depois contra uma seleção de Itabuna, 32 quilômetros distante de Ilhéus, onde convalescia na casa de um tio-avô, médico.

O menino iria ao jogo, mas a febre havia reaparecido e o tio organizou a visita de surpresa para minimizar a frustração.

Não viu a goleada por 10 a 1, mas pôs o Fluminense em sua vida, e, 28 anos depois, ao entrevistar Castilho, viu-o chorar, porque o histórico goleiro desconhecia que o menino, que ele supunha ter morrido, era o jornalista que estava à sua frente.

Vai, Fluminense!

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.