Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Mundo globalizado, futebol e basquete

Cada vez mais o esporte tem cara de Torre de Babel e desafia os atletas nacionais

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Constatemos, raras e raros leitoras e leitores: os melhores jogadores do melhor time do mundo, o inglês Manchester City, são o belga Kevin De Bruyne, o espanhol Rodri e o norueguês Erling Haaland.

O melhor jogador do maior concorrente do City na Inglaterra, o Liverpool, é o egípcio Mohamed Salah.

Rival de ambos com condições de derrotá-los, o espanhol Real Madrid tem no brasileiro Vinicius Junior e, principalmente, no inglês Jude Bellingham, seus jogadores mais decisivos, para não falar do eterno croata Luka Modric.

Você notou que nenhum desses craques nasceu no país dos times que os hospedam?

O inglês Jude Bellingham e o brasileiro Vinicius Junior têm sido decisivos com a camisa do espanhol Real Madrid - Cristina Quicler - 21.out.23/AFP

É assim faz tempo no Planeta Bola, e não apenas da bola do futebol, mas também na do basquete, aquela laranja, capaz de despertar nas mãos emoções semelhantes às causadas pelos pés.

Nunca ninguém discutiu a hegemonia dos estadunidenses no esporte da cesta. Nem mesmo quando por acidente, distração ou desinteresse perderam a medalha de ouro olímpica.

Michael Jordan, Magic Johnson, Larry Bird, Kareem Abdul-Jabbar, Kobe Bryant, Bill Russell, Wilt Chamberlain, Tim Duncan e Shaquille O’Neal quase nunca tiveram estrangeiros que concorressem com eles, embora houvesse muitos deles, e excelentes, pelas quadras das Américas e da Europa.

Pois eis que hoje, gênios iguais, como LeBron James, Kevin Durant e Stephen Curry, têm quem os ameace e derrote.

O sérvio Nikola Jokic, o esloveno Luka Doncic, o grego Giannis Antetokounmpo e o camaronês de origem francesa Joel Embiid disputam, e ganham, não apenas jogos e títulos, mas são eleitos como MVPs sem favor algum, porque superam recordes em cima de recordes.

Verdade que o nigeriano Hakeem Olajuwon já havia quebrado a barreira como MVP da temporada em 1993/94; que o canadense Steve Nash ganhou o prêmio duas vezes —mas ele é norte-americano… Vale?— e o alemão Dirk Nowitzki, herói do Dallas Mavericks, foi escolhido em 2007 como jogador mais valioso da NBA; exceções para confirmar a velha regra.

Porque a regra, de uns tempos para cá, é a escolha só de estrangeiros.

O grego Antetokounmpo, em 2019 e 2020, o sérvio Jokic, em 2021 e 2022, e o camaronês Embiid, em 2023, acabaram de vez com o monopólio dos sobrinhos de Tio Sam.

O grego Giannis Antetokounmpo e o camaronês Joel Embiid são dois dos melhores jogadores da liga norte-americana de basquete - Patrick McDermott - 26.out.23/Getty Images via AFP

E, você sabe, há três coisas que eles não toleram: cerveja quente, hambúrguer frio e perder no basquete.

Como reagem, como admitem a invasão?

Com o sorriso de quem não está perdendo nada, muito ao contrário, está ganhando mais jogadores espetaculares para o show que não pode parar.

Retrógrados, reacionários até a medula, são os que se insurgem contra a globalização, e não pelos prejuízos eventuais, mas pelos benefícios.

A Supercopa

Por falar nisso, as Supercopas, que na Europa têm apenas o valor de festa de abertura das temporadas nacionais, no Patropi assumiram importância maior, ainda mais quando põem frente a frente rivais estaduais, como neste dia 4, entre Palmeiras e São Paulo.

Porque nada é mais universal que a esquina da rua onde moramos.

O Mineirão será palco de Choque-Rei imperdível e sem favorito, situação desfrutada pelo tricolor desde a semana que passou —e por ter sido o único clube paulista a complicar a vida do mais forte alviverde nos últimos tempos. Jogão!

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