Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Descrição de chapéu Futebol Internacional

Sunday Happy Sunday

Em Manchester, Liverpool e Londres, o amante do futebol viveu dia inesquecível

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Três tardes ensolaradas em três cidades cujas melhores características passam longe de homenagear o astro-rei.

Manchester viveu domingo inédito e para sempre ao comemorar o primeiro tetracampeonato seguido da história do Campeonato Inglês, com a previsível vitória do City sobre o West Ham por 3 a 1.

Os Citizens não deram asas à imaginação dos Gunners ao sair na frente ainda antes do segundo minuto, no primeiro chute a gol, com golaço de Phil Foden, que viria a fazer o 2 a 0 aos 18 para Rodri fechar o 3 a 1 no segundo tempo.

Um gol de bicicleta de Kudus ao fim do primeiro tempo deu uma ligeira sensação de que poderia haver maiores emoções futebolísticas, mas o Arsenal só empatava com os visitantes do Everton.

Manchester City comemora o quarto título do Campeonato Inglês - Lee Smith/Reuters

Para tudo terminar bem em Manchester, e mais ou menos orgulhosamente bem em Londres, seria preciso que o City fosse campeão e que o Arsenal virasse para 2 a 1, como fez, graças ao trabalho de Mikel Arteta, ex-auxiliar e discípulo de Pep Guardiola, responsável por fazer do gigante londrino outra vez protagonista de respeito.

À fila de 20 anos se acrescenta mais um, mas com ares de que não perdurará, razão dos aplausos ao time no fim do jogo.

Temos pois um enorme tetracampeão em Manchester e um respeitável vice-campeão em Londres, apenas dois pontos atrás do campeão.

Teria sido um domingo mais que satisfatório apenas pelos acontecimentos na segunda maior cidade inglesa e em sua capital. But, havia Liverpool.

Yes, a cidade deles, de "The Fab Four" e do escocês Bill Shankly, o socialista escocês que fez dos Reds o melhor time da Europa nas décadas de 1960/70 e cunhou a melhor definição do futebol, que não é questão de vida ou morte, é muito mais que isso.

A cidade do alemão Jürgen Klopp, o treinador rock and roll.

Enquanto Manchester e Londres disputavam o título, Liverpool agradecia ao mais querido técnico do século 21 em dia de adeus depois de nove anos de puro encantamento e paixão.

Desculpem os números porque Klopp é afeto em estado puro.

Ganhou tudo o que poderia ganhar à frente do Liverpool, até a Copa da Liga nesta temporada, depois de ter dado a primeira taça da Premier League e a sexta Champions, entre outras conquistas.

O tamanho de Kloop excede as glórias concedidas.

Jürgen Klopp se despede dos torcedores do Liverpool, oito anos e meio após sua chegada - Paul Ellis/AFP

A simbiose dele com a cidade extrapola as taças para merecer estudo antropológico de como o protagonismo no futebol interfere na cultura de um povo, como pregava Shankly, aquilo do um por todos e todos por um, o coletivo acima do individual, a generosidade contra a ganância.

Ao fim do jogo, —ah!, é claro, houve um jogo em Anfield, com vitória dos Reds por 2 a 0 sobre o Wolves—, ao falar para o estádio lotado, depois de mais uma execução comovente do célebre "You’ll Never Walk Alone" e da letra feita para ele, com a musica "I Feel Fine", dos Beatles, Klopp disse que agora é só mais um torcedor, pediu apoio ao sucessor, o holandês Arne Slot, e gritou o nome dele.

E o que diz a letra de sua música?

"Estou tão feliz que Jürgen é um Red/Estou tão feliz que ele entregou o que disse/Jürgen me disse, você sabe. Nós vamos ganhar a Premier League, você sabe. Ele disse isso/Estou apaixonado por ele e me sinto bem."

Convenhamos, não é pouca coisa.

No domingo do tetra, o vitorioso foi Klopp, no mais triste domingo feliz de Anfield, ou no mais feliz domingo triste de Anfield.

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