Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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O VAR não pegou no Brasil

Como certas leis que por aqui não pegam, a arbitragem eletrônica é um fiasco

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O VAR foi concebido para evitar injustiças flagrantes no Planeta Bola, onde o futebol se transformou em grande negócio e precisa ser protegido dos limites do olho humano.

Ninguém nunca pensou que seria instrumento para erro zero porque manejado pelos humanos. Apenas evitaria equívocos extravagantes.

No Brasil, desde sua implantação, o VAR comete erros inadmissíveis e a cada rodada se desmoraliza.
Intervencionista ao extremo, procura pelo em ovo e desrespeita as decisões de campo mesmo quando os assopradores de apito estão perto do lance e deixam o jogo correr.

Juiz Luiz Flavio de Oliveira checa o VAR durante partida entre Flamengo e Grêmio, pelo Brasileirão
Juiz Luiz Flavio de Oliveira checa o VAR durante partida entre Flamengo e Grêmio, pelo Brasileirão - Ricardo Moraes - 13.ju.2024/Reuters

Para pegar dois exemplos recentes, vejam a rara leitora e o raro leitor o que aconteceu nos jogos entre Palmeiras x Cruzeiro e Corinthians x Grêmio, ambos com mandos de campo dos times paulistas.

O Cruzeiro teve gol anulado quando era derrotado por 1 a 0 em lance visto de perto e contestado pelo VAR —que achou falta onde nem que tivesse acontecido era para ser revista, porque longe de ser falha gritante.

Do mesmo modo, em Itaquera, um puxão no braço de atacante corintiano resultou em pênalti contra a equipe gaúcha e no 1 a 1.

Houve o puxão? Houve.

Sua senhoria o assoprador estava no lance? Estava.

Marcou a falta? Não marcou a falta e nem os corintianos protestaram com veemência.

Mas o VAR ficou indignado e chamou o homem do apito para examinar o lance.

Daí ele viu o que todos puderam ver: o zagueiro tricolor, em gesto imprudente nestes tempos de arbitragem eletrônica, puxa o braço do atacante alvinegro e logo solta, o que não impede o jogador de se atirar espalhafatosamente no gramado.

Diante da tela do VAR, intimidado pela observação de quem estava na cabine, e sob os efeitos da torcida local, sem um pingo de personalidade, o apitador botou a bola na marca do cal.

O Brasil é o país em que certas leis não pegam e está em vias de ser declarado incapaz de implantar o VAR.

Já se disse que somos um país que desmoraliza até a honestidade. Há controvérsias.

O que está cada vez mais claro, enquanto robôs não forem escalados para apitar jogos de futebol, é a incompatibilidade entre o VAR e nossas equipes de arbitragem.

Eles são todos inúteis? E prepotentes?

Antissemita, eu?

A Federação Israelita de São Paulo publicou nota a respeito de minha coluna da última quarta-feira (24) publicada sob o título "Hipocrisias e emoções olímpicas".

Sem argumentos, a nota oficial parte para o de sempre: acusa de antissemita quem chama de terrorista tanto o Hamas quanto o governo de Bibi Netanyahu.

E diz que não cabe comparar o horror feito pela Rússia na Ucrânia ao de Israel na Faixa de Gaza.

Pois eis que cabe quando o Comitê Olímpico Internacional proíbe a Rússia de participar dos Jogos Olímpicos de Paris e permite que Israel participe.

Na verdade nem deveria responder à nota oficial.

Respondo em respeito aos eventuais democratas membros da Federação Israelita.

Quem me conhece sabe que a acusação de antissemitismo não cola e, estivesse vivo o rabino Henry Sobel, seria mais uma de minhas testemunhas.

Além de nossa relação sempre fraterna, foi ele quem fez o bar-mitzvá de meu filho caçula e me chamou para segurar a Torá.

Enfim, não se pode esperar nada diferente de quem apoia a matança de mais de 40 mil civis, entre eles 15 mil crianças e 10 mil de mulheres, como acontece na Faixa de Gaza.

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