Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

As rainhas do Brasil

Apesar do machismo vigente, Brasil é capaz de começar a ter rainhas em série

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A proclamação da República, em 1889, desaguou num mar de reis e rainhas pelo Brasil afora.

À falta de uma monarquia respondemos com o Rei do futebol, o maior rei de todos, com a Rainha do futebol, Marta, e com uma série interminável de monarcas.

Temos o Rei da Batida, o Rei da Pamonha, o Rei do Filé, o Rei do Gado, até o rei da cocada preta.

Sim, temos mais reis que rainhas, e apesar do machismo vigente é capaz de começarmos a tê-las em série.

Verdade que uma rainha como Marta ainda desperta restrições como vimos em torno da tola polêmica se ela deveria ou não ser escalada para enfrentar os Estados Unidos.

A imagem mostra duas jogadoras de futebol em um momento de disputa pela bola. A jogadora à esquerda está vestindo um uniforme amarelo e azul, enquanto a jogadora à direita usa um uniforme vermelho e azul. Ambas estão em um campo de futebol, com uma multidão ao fundo.
Marta disputa a bola com Korbin Albert durante a final entre Brasil e EUA - Patricia de Melo Moreira/AFP

Tão tola como desinformada por aqueles que perguntavam o que foi que ela ganhou com a seleção brasileira, esquecidos de que simplesmente, enquanto a discussão atingia o auge, a Rainha Marta já tinha assegurada, simplesmente, sua terceira medalha de prata olímpica. Repitamos: a terceira medalha olímpica!

Alguém tem dúvida que Rebeca Andrade está perto de ser proclamada Rainha da ginástica? Que Bia Souza mais um pouco será a Rainha do judô?

Temos um problema no quesito monárquico em relação ao vôlei de praia: a mineira Ana Patrícia ou a sergipana Duda, quem será a rainha?

Na dúvida, considerando que já temos um rei mineiro, de Três Corações, talvez a coroa deva ir para a nordestina, embora a região já tenha a alagoana Marta.

Fato é que mais que nunca a mulherada bronzeada mostrou seu valor e deu origem às melhores sacadas, como a de que na festa da delegação brasileira os rapazes entraram com os salgados e as meninas com as medalhas.

Brincadeira que Piu, que Isaquias, Medina, Willian Lima, Caio Bonfim, Augusto Akio e Edival Pontes hão de levar numa boa, com espírito esportivo, medalhados que também são com muita dedicação e brilho.

ALEGRIA OLÍMPICA

Foram dias de muitas emoções, de cenas magníficas, de dramas, de muito choro para o bem e para o mal.
Difícil voltar à normalidade, embora seja impossível viver mais que duas semanas com tanta intensidade, ainda mais no fuso francês.

DEMAGOGIA OLÍMPICA

Em vez de, enfim, formular uma Política Esportiva para o país, o governo Lula, que trocou Ana Moser por Fufuca, preferiu, pressionado pelas redes antissociais, isentar os medalhistas do pagamento do imposto que todo brasileiro paga ao receber salários ou prêmios por seu trabalho.

Populismo barato que não resolve coisa alguma nem homenageia os vitoriosos na proporção que merecem, porque medida de curtíssimo prazo e vigência.

MENTIRA OLÍMPICA

A grande mentira pregada por Carlos Nuzman para vender a ideia de sediar a Olimpíada de 2016, a de que seria o pontapé inicial do Brasil poliesportivo, é desmascarada a cada nova edição dos Jogos.

Sediar Olimpíada deve coroar processos que fazem de um país potência esportiva, jamais como primeiro passo.

O Rio fez linda festa do começo ao fim, ninguém teve de dormir fora do quarto por causa de calor, a Baía da Guanabara estava aparentemente em condições até melhores que o rio Sena, mas não resultou em progresso algum na formação de mentalidade olímpica.

Nem muito menos concorreu para a democratização do acesso à prática esportiva, como agente de saúde pública, que deveria ser a prioridade.

TRISTEZA OLÍMPICA

Impossível não pensar em todos os atingidos pelo desastre aéreo em Vinhedo.

Terrível paradoxo: a comemoração das medalhas em meio à dor pela perda de tantas vidas.

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